O conflito desalojou mais de 1,2 milhão de pessoas no país e levou cerca de 400 mil a fugir para os países vizinhos, causando grandes danos à capital
Por Redação, com Reuters - de Cartum
Bombardeios atingiram áreas ocidentais da capital do Sudão na manhã desta segunda-feira, depois que facções militares rivais lutaram durante a noite, disseram moradores, com relatos de aprofundamento da ilegalidade em Cartum e na região de Darfur.
Os combates entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), que lutam entre si há mais de sete semanas, intensificaram-se após o término no sábado de um acordo de cessar-fogo mediado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos.
O conflito desalojou mais de 1,2 milhão de pessoas no Sudão e levou cerca de 400 mil a fugir para os países vizinhos, causando grandes danos à capital, onde os moradores remanescentes estão à mercê de batalhas, ataques aéreos e ilegalidade.
Na noite de domingo, moradores relataram intensos combates nas três cidades que compõem a região ampliada da capital do país, Cartum, Omdurman e Bahri, e fumaça podia ser vista subindo de várias áreas na manhã desta segunda-feira.
– O bairro onde moramos no centro de Omdurman é saqueado publicamente todos os dias sem que ninguém intervenha para impedir, com confrontos e bombardeios continuando ao nosso redor – disse o morador de 37 anos Mohamed Saleh.
Cartum
No distrito leste de Cartum, as tropas da RSF que se espalharam pelos bairros da capital estavam no controle total e saqueavam extensivamente, afirmou Waleed Adam, morador do local.
– Você os vê bem à sua frente, pegando carros, dinheiro, ouro, tudo o que eles conseguem colocar em suas mãos – disse ele à agência inglesa de notícias Reuters por telefone. "Eu acho que é apenas uma questão de tempo até que eles venham para a minha rua."
A RSF diz que tem trabalhado para proteger os civis prendendo saqueadores.
A guerra também provocou distúrbios em Darfur, no extremo oeste do Sudão, uma região que já sofria deslocamentos em massa devido a conflitos anteriores e onde moradores de várias cidades relataram ataques de milícias ligadas a tribos nômades árabes.
Nos últimos dias, pelo menos 40 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas em Kutum, no estado de Darfur do Norte, segundo ativistas que monitoram a região. Os moradores também relataram saques generalizados e insegurança na área.
Longos apagões de comunicação têm ocorrido em partes de Darfur, onde os grupos de ajuda consideram especialmente complicado levar novos suprimentos humanitários.