Foi a primeira queda da atividade desde abril do ano passado, no início da primeira onda da pandemia. Naquele mês, o IBC-Br havia despencado 9,82%, influenciado pelas restrições de circulação em várias cidades do País e pelo fechamento de milhares de empresas. Desde então, a atividade econômica vinha reagindo no Brasil.
Por Redação - de Brasília
Após dez meses de recuperação, a atividade econômica voltou a recuar no Brasil, em meio à segunda onda da pandemia de covid-19. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado nesta quinta-feira, 13, indicou retração de 1,59% em março, na comparação com fevereiro. O porcentual já leva em conta os ajustes sazonais, o que permite a comparação entre os meses.
Foi a primeira queda da atividade desde abril do ano passado, no início da primeira onda da pandemia. Naquele mês, o IBC-Br havia despencado 9,82%, influenciado pelas restrições de circulação em várias cidades do País e pelo fechamento de milhares de empresas. Desde então, a atividade econômica vinha reagindo no Brasil, tendo acumulado alta de 18,76% de abril do ano passado a fevereiro de 2021.
A guinada verificada em março deste ano, como indicou o IBC-Br, é influenciada pela segunda onda de covid-19, que voltou a provocar lockdowns em diversas cidades do País. O fechamento do comércio em diferentes períodos foi uma reação de prefeitos e governadores à reaceleração do contágio e das mortes por covid-19. Ao mesmo tempo, o Brasil segue apresentando números limitados de vacinação.
Imunização
Medido em pontos, o IBC-Br passou de 142,43 pontos em fevereiro para 140,16 pontos em março de 2021, na série com ajustes sazonais. A baixa de 1,59%, no entanto, já era esperada pela maior parte do mercado financeiro. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast projetavam o IBC-Br em março entre um recuo de 4,50% e um avanço de 0,30%. A mediana das projeções indicava queda de 3,30% - um porcentual até maior que o verificado.
Nos últimos meses, membros da equipe econômica do governo de Jair Bolsonaro já vinham afirmando que, em função da segunda onda, o Brasil apresentaria novamente uma retração da atividade no primeiro semestre do ano.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem defendido que a economia tende a reagir no segundo semestre deste ano, à medida que a vacinação avançar. Os números da imunização, no entanto, ainda são contidos.
Pessimismo
Faltando menos de dois meses para o fim do primeiro semestre, dados do consórcio de imprensa mostram que apenas 8,8% da população receberam as duas doses da vacina contra covid-19. Os brasileiros que receberam pelo menos a primeira dose são 17,5% do total.
Conhecido como uma espécie de “prévia do BC para o PIB”, o IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. A projeção atual do BC para o PIB em 2021 é de alta de 3,6%, após a retração de 4,1% em 2020.
Os economistas do mercado financeiro, no entanto, já demonstram certo pessimismo. No Relatório de Mercado Focus, que traz a compilação das expectativas do mercado financeiro, a projeção para o PIB em 2021 é de alta de 3,21% - menos que o esperado pelo BC. Além disso, já existe pelo menos uma instituição que projeta crescimento bem menor para este ano, de apenas 0,44%.
PIB anual
O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira a cada mês e ajuda o BC a tomar decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic, definida atualmente em 3,5% ao ano. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia – a indústria, o comércio e os serviços e a agropecuária –, além do volume de impostos.
Entretanto, o indicador oficial é o Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2020, o PIB do Brasil caiu 4,1%, totalizando R$ 7,4 trilhões. Foi a maior queda anual da série do IBGE, iniciada em 1996 e que interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%.