Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Segurança digital é chave para crescimento de IoT até 2030

Descubra como a segurança digital é essencial para o crescimento da Internet das Coisas (IoT) até 2030, com insights de especialistas e organizações líderes.

Quarta, 24 de Setembro de 2025 às 13:14, por: CdB

Empresas e organizações como Ericsson, Anatel, ABNT, Claro, Vivo, Infineon, Cermob, VIWSEC e ABINC defendem agenda colaborativa para garantir conectividade ampla, confiável e segura.

Por Redação – de Brasília

O Brasil se aproxima de uma nova era digital marcada pela hiperconectividade. De acordo com estimativas da consultoria Statista, o mundo deve contabilizar cerca de 20 bilhões de dispositivos de Internet das Coisas (IoT) ativos esse ano. As projeções indicam ainda que esse número continuará crescendo de forma acelerada até 2034, mas especialistas alertam: esse avanço só será sustentável se vier acompanhado de padronização técnica, regulamentação setorial e segurança cibernética em todo o ciclo de vida do ecossistema de IoT.

Segurança digital é chave para crescimento de IoT até 2030 | Mercado de IoT pode chegar a US$ 750 bi com cibersegurança
Mercado de IoT pode chegar a US$ 750 bi com cibersegurança

Para falar sobre o assunto, um encontro promovido pela Associação Brasileira de Internet das Coisas (ABINC) reuniu representantes de diversas empresas e organizações. Ericsson, Claro, Vivo, Infineon Technologies, Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ABINC, Cermob, VIWSEC e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) discutiram sobre os desafios para a construção de uma sociedade hiperconectada mais ampla, resiliente e segura, com o objetivo de promover maior confiança para os cidadãos. Segundo Yanis Stoyannis, diretor de segurança para clientes da Ericsson LATAM South e líder do Comitê de Segurança da ABINC, o 5G representa uma mudança de paradigma. A tecnologia oferece uma gama de possibilidades, como velocidades até 100 vezes superiores ao 4G, conectividade massiva para até 1 milhão de dispositivos por km² e alta eficiência energética capaz de estender a vida útil de baterias para dispositivos para até 10 anos. Devido à arquitetura network slicing, a rede 5G pode ser “fatiada” através da alocação dinâmica de recursos para atender simultaneamente as necessidades de desempenho para aplicações em setores distintos, como saúde, indústria e cidades inteligentes.

– A IoT desponta como alicerce da hiperconectividade, mas traz desafios sérios de segurança. Dispositivos de baixo custo frequentemente apresentam restrições técnicas, baixo consumo de energia, limitações de hardware e ausência de camadas mínimas de proteção, o que os torna alvos fáceis para ataques cibernéticos – explicou Stoyannis.

O executivo ressaltou ainda que o ecossistema fragmentado da IoT, somado à baixa conscientização dos fabricantes sobre as ameaças de segurança e à falta de regulamentações universais e padronizadas, resultam em um cenário de múltiplas vulnerabilidades, aumentando os riscos digitais. “Dispositivos comprometidos podem ser usados como trampolim para invadir ambientes de TI e OT, além de possibilitar ataques massivos de negação de serviço (conhecidos como DDoS), onde milhares de dispositivos controlados remotamente por criminosos podem proferir ataques em sistemas expostos na Internet, resultando na degradação ou indisponibilidade de serviços essenciais para consumidores. As motivações incluem roubo de dados, fraudes, sabotagem, extorsão e até riscos à integridade física de pessoas, pois os dispositivos podem controlar máquinas e equipamentos”.

Tecnologias de fronteira integradas

Um dos painéis destacou que as tecnologias de fronteira integradas com IoT, como inteligência artificial, blockchain, robótica, drones, impressão 3D e computação quântica, ampliam a superfície de ataques cibernéticos, exigindo novas estratégias de defesa. A expansão exponencial do tráfego de dados móveis adiciona outro grande desafio, ao demandar soluções escaláveis e interoperáveis.

Um dos pontos centrais do debate foi a necessidade de acelerar a adoção de normas internacionais. Entre os referenciais citados estão a ISO/IEC 20924 (vocabulário de IoT e gêmeos digitais), a ISO/IEC 30141 (arquitetura de referência para IoT) e a ISO/IEC 27400 (diretrizes de cibersegurança e privacidade em IoT).

De acordo com o relatório Cybersecurity for the IoT: How trust can unlock value, publicado pela McKinsey & Company em 2023, a cibersegurança pode ampliar as projeções para o mercado endereçável de fornecedores de IoT. “A projeção base é de US$ 500 bilhões até 2030. Mas, se conseguirmos superar as barreiras e desenvolver dispositivos embarcados com segurança desde a origem, esse número pode crescer em 50%, chegando a US$ 750 bilhões. Em um cenário convergente, com segurança implementada em toda a cadeia, as organizações deixam de ter receio e passam a investir massivamente nessas tecnologias. E é justamente aí que entram as padronizações técnicas internacionais, que ajudam a criar um mercado global mais seguro e confiável”, disse.

Nesse contexto, iniciativas em parceria da ABINC com a ABNT já estão em andamento. Algumas normas específicas para IoT, incluindo diretrizes de segurança e privacidade, devem ser liberadas em breve.

A discussão sobre a importância dos padrões técnicos foi reforçada por Fernando Gebara Filho, Superintendente do Comitê Brasileiro de Tecnologias da Informação e Transformação Digital da ABNT. “Quando falamos de um mundo hiperconectado, o estabelecimento de padrões é fundamental. Os equipamentos precisam conversar entre si e atender a critérios mínimos de interoperabilidade e segurança. Esse processo pode até começar em nível local, mas é indispensável pensar em escala global. Além disso, a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem papel relevante nesse cenário, pois normas técnicas reconhecidas internacionalmente impedem que países restrinjam exportações ou importações de produtos certificados”.

Os especialistas, através de exemplos reais, mostraram que o Brasil conta com instituições sólidas com experiência no combate a fraudes, inclusive com a concepção de soluções inovadoras, o que pode posicionar o país como protagonista internacional. Para isso, será necessário superar a resistência cultural às normas e regulamentações, fortalecer a colaboração entre governo, empresas e academia e ampliar os investimentos em pesquisa, inovação e conformidade. – Os prejuízos e possíveis impactos para a sociedade de não investir em segurança nas inciativas voltadas para a hiperconectividade será muito maior do que o investimento necessário para construí-las mais seguras desde o início – finaliza Stoyannis.

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