Até o momento, 20 cidades de SC registraram altos volumes de chuva nos últimos dois dias. Já há, também, a primeira vítima fatal em decorrência das chuvas: um idoso de 61 anos, na cidade de Seara, que desapareceu na quinta-feira.
Por Redação, com CartaCapital e ABr– de Brasília
Santa Catarina entrou em “alerta máximo” para deslizamentos de terra e desabamentos por conta das fortes chuvas que chegaram a cidades do Estado. A condição foi confirmada em boletim da Defesa Civil divulgado nesta sexta-feira.
Até o momento, 20 cidades de SC registraram altos volumes de chuva nos últimos dois dias. Já há, também, a primeira vítima fatal em decorrência das chuvas: um idoso de 61 anos, na cidade de Seara, que desapareceu na quinta-feira. O carro dele foi levado pela correnteza.
As cidades de Capinzal e Piratuba já registraram mais de 200 milímetros de chuva, de acordo com o boletim. Os dois municípios são os que, até agora, estão sob maior risco.
Por enquanto, a região Oeste do estado vem sendo a mais atingida, mas o Sul catarinense também está em alerta para desastres naturais.
Chuvas no RS: por que chove tanto no estado? Entenda as causas
O Rio Grande do Sul vive um dos maiores desastres climáticos de sua história. As fortes chuvas, que já duram dias, causaram mortes, deixaram cidades debaixo d’água e ameaçam o rompimento de barragens. Quais são as explicações para tanta chuva no estado?
Em entrevista à TV Brasil, o meteorologista e coordenador-geral de Operação e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi, explica que o fenômeno é resultado da junção de diversos fatores. Segundo ele, a onda de calor localizada na região central do Brasil com alta pressão atmosférica leva à formação de ar seco e quente, que acaba por bloquear a passagem das frentes frias para o norte do país.
“Essas frentes frias vêm da Argentina, chegam rapidamente na Região Sul e não conseguem avançar. Temos uma sucessão de frentes [frias] que se tornaram estacionárias e estão mantendo as chuvas durante vários dias”, explicou.
Seluchi não descarta ainda que as chuvas sejam reflexo do El Niño, que está em etapa final, e de forma indireta das mudanças climáticas, já que a atmosfera e os oceanos estão mais quentes, produzindo vapor adicional para formação das chuvas.
Até quando vai chover?
Seluchi prevê que os temporais ainda vão perdurar por dias, em razão de um fenômeno que ocorre no Oceano Pacífico, chamado sistema de bloqueio, que influencia no Brasil. Nesse sistema, conforme o meteorologista, uma situação atmosférica fica estagnada e persiste por dias.
– Esta situação (chuvas), infelizmente, deve se manter, com poucas mudanças, pelo menos até sábado com volumes muito elevados ainda, até superiores a 250 milímetros, especialmente na porção centro-norte do estado – disse.
De acordo com a previsão, no domingo, as chuvas devem continuar, mas já começam a perder força.
Conforme Seluchi, as frentes devem oscilar, podendo ir mais ao sul do continente, para o Uruguai, ou subir para Santa Catarina. A partir daí, as chuvas devem ser menos volumosas e com período maior sem chuva.
Terra encharcada
Seluchi alerta que o processo para absorção do volume de água também levará dias.
– Toda a água que já caiu no estado vai ser drenada, o que vai levar vários dias para se normalizar – acrescentou.
Por causa das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, o Lago Guaíba, que banha a capital, Porto Alegre, pode elevar em até cinco metros o nível até esta sexta-feira.
Situação inédita
De acordo com Seluchi, o cenário pode ser considerado inédito para o estado e um dos maiores desastres no país.
Os volumes de chuva, diz o especialista, já foram registrados em outras partes do Brasil, porém não com tanta abrangência territorial.
– Esses volumes não são inéditos, mas a abrangência espacial da chuva seja inédita – disse.
Saúde envia profissionais, remédios e insumos ao Estado gaúcho
O Ministério da Saúde confirmou a mobilização de 60 profissionais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e do Grupo Hospitalar Conceição (GhC) para dar assistência à população gaúcha afetada pelos temporais que assolam a região.
Equipes da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo a pasta, também chegaram ao Estado para reforçar o atendimento. O objetivo é que os profissionais atuem para diminuir o risco de exposição da população, além de reduzir doenças e agravos.
Em nota, o ministério informou ter enviado ao estado 20 kits emergência, compostos por 32 tipos de medicamentos e 16 tipos de insumos cada, incluindo luvas, seringas e ataduras. O material é suficiente para atender até 30 mil pessoas por um período de 30 dias.
A pasta vai instalar ainda um Centro de Operações de Emergência (COE) para eventos naturais extremos no estado. “O COE permite a análise de dados e informações para subsidiar a tomada de decisão dos gestores e técnicos, na definição de estratégias e ações adequadas para o enfrentamento de emergências em saúde pública”.
“Para projetar danos e traçar estratégias, uma equipe da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde está no Rio Grande do Sul, buscando evitar problemas maiores em unidades de saúde, orientar o estado e os municípios, e apoiar no processo de recuperação da área afetada.”
Números
Boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgado na manhã desta sexta-feira contabiliza 31 mortes em decorrência das chuvas no estado. Há ainda 74 pessoas desaparecidas e 56 feridas. Ao todo, 235 municípios gaúchos, até o momento, foram afetados pelos temporais, totalizando 351.639 pessoas atingidas. Dessas, 17.087 estão desalojadas e 7.165 em abrigos.
Em entrevista na última quinta-feira, o governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, destacou que os números devem subir ao longo dos próximos dias. “Com a mais profunda dor no coração, eu sei dizer que será ainda mais que isso, porque não estamos conseguindo acessar determinadas localidades”, finalizou.