O documento de 52 páginas, publicado na terça-feira, aponta que a situação na usina é "insustentável" e que é necessário criar "imediatamente" uma zona de segurança para que não haja mais ataques militares contra a planta nuclear.
Por Redação, com ANSA - de Moscou
A Rússia pediu nesta quarta-feira que a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) dê "esclarecimentos" sobre o relatório feito após inspeção na central nuclear de Zaporizhia, estrutura que fica na Ucrânia, mas está sob controle militar russo desde o início de março.
O documento de 52 páginas, publicado na terça-feira, aponta que a situação na usina é "insustentável" e que é necessário criar "imediatamente" uma zona de segurança para que não haja mais ataques militares contra a planta nuclear.
– Há a necessidade de esclarecimentos complementares porque o relatório contém um certo número de pontos de interrogação. Nós pedimos esclarecimentos ao diretor-geral da Aiea, Rafael Grossi – disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, à agência Interfax.
A manifestação vem após o documento final pedir que os ataques militares fossem cessados, mas não acusar de maneira clara Rússia ou Ucrânia por isso.
Há semanas, Kiev e Moscou trocam acusações sobre quem faz os lançamentos de mísseis e de artilharia contra a área da usina, de forma que é impossível checar de maneira independente quem está falando a verdade ou se são as duas nações que estão realizando operações no local.
Nesta quarta-feira, inclusive, o presidente russo, Vladimir Putin, voltou a acusar a Ucrânia de fazer "bombardeios em Zaporizhia que criam o risco de minar a segurança nacional".
Para Putin, a AIEA "sofre com as pressões dos Estados Unidos e da Europa e não pode dizer diretamente que a central está sendo bombardeada do território ucraniano".
Rússia
O líder do Kremlin ainda afirmou que a Rússia não está escondendo armamentos dentro da central nuclear, como um vídeo feito por um funcionário ucraniano e divulgado pela "CNN" mostrou recentemente.
– Eu li que o relatório da Aiea classifica como necessária a retirada do equipamento militar do território da central. Mas, não tem nenhum equipamento militar ali. Se vocês quiserem, levem ali qualquer um, incluindo um grande grupo de jornalistas, incluindo europeus e americanos, amanhã mesmo – desafiou Putin.
Do outro lado, o governo de Kiev focou em outros dois temas sobre Zaporizhia. A empresa nacional de energia nuclear, Energoatom, se disse favorável ao envio dos militares da ONU, os capacetes azuis, para a segurança de Zaporizhia enquanto a guerra durar.
Já o representante de um dos órgãos de inspeção da regulamentação nuclear da Ucrânia (SNRIU), Oleh Korkov, afirmou que o governo está avaliando a possibilidade de desativar a central de Zaporizhia por "motivos de segurança" por conta dos danos causados pelos ataques "russos".