Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Rio fecha Instituto Juliano Moreira, último manicômio ativo 

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Quinta, 27 de Outubro de 2022 às 10:45, por: CdB

Segundo a SMS, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico.

Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro

Nesta quinta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio) encerrou as atividades de internação do Instituto Municipal de Assistência à Saúde (IMAS) Juliano Moreira, com a desativação do último núcleo do complexo psiquiátrico, o Franco da Rocha.
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O local popularmente conhecido como Colônia Juliano Moreira, localizado na Taquara, na Zona Oeste do Rio passou a abrir um museu nos anos 1990
O local popularmente conhecido como Colônia Juliano Moreira, localizado na Taquara, na Zona Oeste do Rio. Fundado em 1926, o local era último manocômio ativo da cidade. "Com isso, o Município do Rio de Janeiro conclui o processo de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos, um marco da luta antimanicomial", disse a prefeitura, em nota. Segundo a SMS, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico. A unidade chegou a abrigar em seu auge 5300 internos em seus 79 hospitais e pavilhões, desativados gradativamente ao longo dos anos. Entre os internos, esteve Arthur Bispo do Rosário Paes, reconhecido artista plástico falecido em 1989, que iniciou a atividade artística no instituto produzindo objetos com diversos itens oriundos do lixo e da sucata. Com a morte de Bispo do Rosário, a administração do instituto se viu diante do desafio de decidir o destino das obras produzidas por ele durante os 49 anos que esteve internado. O conjunto da sua criação foi abrigado pelo então Museu Nise da Silveira. Em 2000, 11 anos após o falecimento de Bispo, a instituição altera o seu nome para Museu Bispo do Rosario, agora, homenageando o principal artista de seu acervo.

História

O território da Colônia Juliano Moreira originou-se a partir de um dos mais antigos engenhos de cana de açúcar de Jacarepaguá, integrando inicialmente as terras do Engenho da Taquara. Foi então desmembrado em 1664 e denominado Fazenda Nossa Senhora dos Remédios. Já em 1778 recebeu o nome de Engenho Novo da Taquara. Nos anos de 1660 iniciou-se a construção do engenho e da capela de Nossa Senhora dos Remédios. Ainda existem reminiscências da época e o núcleo original, que hoje faz parte do Núcleo Histórico Rodrigues Caldas. A partir de 1920, foram construídas as edificações do Núcleo Psiquiátrico da Colônia Juliano Moreira (até então denominada Colônia de Psicopatas de Jacarepaguá). Havendo, assim, a transição de uma arquitetura colonial, que no Brasil misturava traços arquitetônicos renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos, para uma arquitetura pavilhonar e hospitalar, portanto, fundamentada nas teorias higienistas que vigoravam no período. Já na década de 1930, com as reformulações da Colônia e a construção de novas unidades, o sítio da Colônia Juliano Moreira apresenta uma série de registros contemporâneos à época de funcionamento do engenho de açúcar, dos anos setecentistas, o que o torna um importante fragmento comprobatório da evolução urbana da cidade e da história deste ciclo econômico.
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