Rio de Janeiro, 11 de Junho de 2025

Rio fecha Instituto Juliano Moreira, último manicômio ativo 

Segundo a SMS, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico.

Quinta, 27 de Outubro de 2022 às 10:45, por: CdB

Segundo a SMS, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico.

Por Redação, com Brasil de Fato - do Rio de Janeiro

Nesta quinta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio) encerrou as atividades de internação do Instituto Municipal de Assistência à Saúde (IMAS) Juliano Moreira, com a desativação do último núcleo do complexo psiquiátrico, o Franco da Rocha.
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O local popularmente conhecido como Colônia Juliano Moreira, localizado na Taquara, na Zona Oeste do Rio passou a abrir um museu nos anos 1990
O local popularmente conhecido como Colônia Juliano Moreira, localizado na Taquara, na Zona Oeste do Rio. Fundado em 1926, o local era último manocômio ativo da cidade. "Com isso, o Município do Rio de Janeiro conclui o processo de desinstitucionalização de pacientes psiquiátricos, um marco da luta antimanicomial", disse a prefeitura, em nota. Segundo a SMS, para viabilizar o fim das internações, foram criadas condições para que os pacientes pudessem retornar ao convívio familiar, morar sozinhos ou ter alta para serviço residencial terapêutico. A unidade chegou a abrigar em seu auge 5300 internos em seus 79 hospitais e pavilhões, desativados gradativamente ao longo dos anos. Entre os internos, esteve Arthur Bispo do Rosário Paes, reconhecido artista plástico falecido em 1989, que iniciou a atividade artística no instituto produzindo objetos com diversos itens oriundos do lixo e da sucata. Com a morte de Bispo do Rosário, a administração do instituto se viu diante do desafio de decidir o destino das obras produzidas por ele durante os 49 anos que esteve internado. O conjunto da sua criação foi abrigado pelo então Museu Nise da Silveira. Em 2000, 11 anos após o falecimento de Bispo, a instituição altera o seu nome para Museu Bispo do Rosario, agora, homenageando o principal artista de seu acervo.

História

O território da Colônia Juliano Moreira originou-se a partir de um dos mais antigos engenhos de cana de açúcar de Jacarepaguá, integrando inicialmente as terras do Engenho da Taquara. Foi então desmembrado em 1664 e denominado Fazenda Nossa Senhora dos Remédios. Já em 1778 recebeu o nome de Engenho Novo da Taquara. Nos anos de 1660 iniciou-se a construção do engenho e da capela de Nossa Senhora dos Remédios. Ainda existem reminiscências da época e o núcleo original, que hoje faz parte do Núcleo Histórico Rodrigues Caldas. A partir de 1920, foram construídas as edificações do Núcleo Psiquiátrico da Colônia Juliano Moreira (até então denominada Colônia de Psicopatas de Jacarepaguá). Havendo, assim, a transição de uma arquitetura colonial, que no Brasil misturava traços arquitetônicos renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos, para uma arquitetura pavilhonar e hospitalar, portanto, fundamentada nas teorias higienistas que vigoravam no período. Já na década de 1930, com as reformulações da Colônia e a construção de novas unidades, o sítio da Colônia Juliano Moreira apresenta uma série de registros contemporâneos à época de funcionamento do engenho de açúcar, dos anos setecentistas, o que o torna um importante fragmento comprobatório da evolução urbana da cidade e da história deste ciclo econômico.
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