Do lado das empresas, são os segmentos de infraestrutura e serviços os que apresentam melhores indicadores, aponta Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE, em artigo para o Observatório Brasileiro do Crédito Habitacional.
Por Redação - de São Paulo
Embora tenha havido uma tímida recuperação do mercado imobiliário, nas últimas semanas, uma análise dos componentes do PIB da construção, divulgada nesta quarta-feira, indica um cenário distinto – e mais cauteloso – do que as leituras correntes vêm afirmando.
Do lado das empresas, são os segmentos de infraestrutura e serviços os que apresentam melhores indicadores, aponta Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção na Fundação Getulio Vargas/IBRE, em artigo para o Observatório Brasileiro do Crédito Habitacional.
De acordo com a sondagem da construção, feita pela FGV, a percepção do empresariado sobre a situação atual dos negócios melhorou 14,3 pontos no segmento de serviços especializados (como acabamento e instalações) e 13,3 pontos no de infraestrutura na comparação de dezembro de 2019 com o mesmo mês do ano anterior. Já no segmento de edificações o aumento foi bem mais tímido: 0,8 ponto.
Uma década
Dados sobre geração de empregos refletem esse cenário: as obras de instalação lideraram a geração de empregos no setor de construção, com uma taxa de crescimento em 12 meses de 8,64%. Em segundo lugar, vem serviços de engenharia, com uma taxa de 6,45%. O mercado imobiliário, por sua vez, apresenta a taxa mais baixa nessa comparação: apenas 0,08%.
Apesar dos sinais de uma certa melhoria no mercado imobiliário, principalmente nos grandes centros urbanos essa retomada acontece ainda de forma desigual pelo país, diz Castelo. O número de unidades vendidas no Sudeste, por exemplo, aumentou 31,4% no terceiro trimestre deste ano na comparação anual, segundo pesquisa da Câmara Brasileira da Indústria de Construção (Cbic).
O cenário deste ano, contudo, ainda está muito aquém do período pré-crise, quando o setor viveu um boom. Para o próximo ano, a expectativa de expansão do PIB da construção ainda fica abaixo dos 3%. “Nesse ritmo, o setor levará mais de dez anos para retomar o pico alcançado em 2013”, conclui Castelo.