Rio de Janeiro, 07 de Abril de 2025

Reciclagem aumenta toxicidade de plásticos, alerta Greenpeace

Os plásticos reciclados contêm, geralmente, níveis mais altos de produtos químicos que podem envenenar as pessoas e contaminar as comunidades, observa o mais recente relatório da Greenpeace, que reúne investigações em todo o planeta.

Quarta, 24 de Maio de 2023 às 12:03, por: CdB

Os plásticos reciclados contêm, geralmente, níveis mais altos de produtos químicos que podem envenenar as pessoas e contaminar as comunidades, observa o mais recente relatório da Greenpeace, que reúne investigações em todo o planeta.


Por Redação, com RTP - de  Vancouver


A reciclagem aumenta a toxicidade dos plásticos, afirma a organização ambientalista Greenpeace, em um relatório publicado nesta quarta-feira. Às vésperas de negociações globais sobre o Tratado de Plásticos, na próxima semana em Paris, o documento reúne dados científicos que apontam para a urgência de reduzir a produção e o uso de plástico, incompatíveis com uma economia circular.




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Advertência chega às vésperas de reunião sobre o Tratado do Plástico

Os plásticos reciclados contêm, geralmente, níveis mais altos de produtos químicos que podem envenenar as pessoas e contaminar as comunidades, observa o mais recente relatório da Greenpeace, que reúne investigações em todo o planeta.


A organização ambientalista adianta que, além de a reciclagem tornar o plástico mais tóxico, este processo não deve ser considerado uma solução para a crise da poluição.

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“Para sempre tóxico”


O relatório assinado pela organização pretende que a equação da economia circular seja modificada no que se refere ao plástico. A economia circular é o modelo de produção e de consumo que envolve a separação, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes.


Estima-se que a produção mundial de plástico triplique até 2060. Por isso, a Greenpeace defende o fim do plástico.


Graham Forbes, coordenador da Campanha Global de Plásticos da Greenpeace nos Estados Unidos, explica que “a indústria de plásticos, incluindo combustíveis fósseis, petroquímicos e empresas de bens de consumo, continua apresentando a reciclagem como a solução para a crise da poluição plástica".


– Mas este relatório mostra que a toxicidade do plástico, na verdade, aumenta com a reciclagem. Os plásticos não têm lugar numa economia circular –  adverte.


– É claro que a única solução real para acabar com a poluição plástica é reduzir em massa a produção de plástico – afirma Forbes. Uma investigação paralela acrescenta que a reciclagem espalha a poluição microplástica no meio ambiente.


A análise apresentada pelo grupo ambientalista descreve que os plásticos reciclados contêm níveis mais altos de produtos químicos. Entre estes estão retardadores de chama tóxicos, benzeno e outros carcinogêneos (produtos que causam câncer), poluentes ambientais como dioxinas bromadas e cloradas e vários desreguladores endócrinos que podem causar alterações nos níveis hormonais do corpo.


– Os plásticos são feitos com produtos químicos tóxicos e esses produtos químicos não desaparecem simplesmente quando os plásticos são reciclados. A ciência mostra claramente que a reciclagem de plástico é um empreendimento tóxico com ameaças à nossa saúde e ao meio ambiente, ao longo de todo o fluxo de reciclagem – argumenta Therese Karlsson, consultora científica da Rede Internacional de Eliminação de Poluentes (IPEN).


Karlsson deixa claro que “o plástico envenena a economia circular, os nossos corpos e polui o ar, a água e os alimentos. Não devemos reciclar plásticos que contenham produtos químicos tóxicos. Soluções reais para a crise dos plásticos exigirão controles globais sobre produtos químicos em plásticos e reduções significativas na produção de plásticos”.



Tratado do Plástico


Em 2022, representantes de 173 países concordaram em produzir um tratado juridicamente vinculativo que abordasse o “ciclo de vida completo” dos plásticos, desde a produção até o descarte. Esse acordo, a ser negociado nos próximos dois anos, deixou de fora comunidades de países em desenvolvimento.


A Greenpeace não poupou críticas a esta decisão e relembra que o processo de descarte de resíduos plástico e o envio desse lixo produzido pelos países ricos para os países mais pobres “afeta de forma desigual as comunidades mais vulneráveis”.


Desde a década de 1950, cerca de oito bilhões de toneladas de plástico foram produzidas. Os impactos devastadores da superprodução crescente de plástico aumentam a necessidade de acelerar os sistemas baseados na reutilização e não os esforços na reciclagem de plástico. São esses os pressupostos que a Greepeace quer levar para o foco da próxima reunião em Paris, agendada para a próxima semana.


Na segunda reunião da Comissão Intergovernamental de Negociação (INC) para o Tratado Global do Plástico, a rede global do Greenpeace pretende um acordo ambicioso e juridicamente vinculativo que "acelere uma transição justa da dependência de materiais plásticos e estabeleça controles globais para regulamentar produtos químicos tóxicos em plástico”.


Entre o plano de sete pontos e com o foco de “alcançar reduções imediatas e significativas na produção de plástico”, estão propostas como “o princípio poluidor-pagador para a gestão de resíduos plásticos” (quem polui mais paga mais) e a segurança e proteção dos trabalhadores em instalações de reciclagem.



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