Os russos acusam os países ocidentais, em especial os Estados Unidos, de fazerem "histeria e alarmismo" sobre um ataque russo à Ucrânia, que não estaria nos planos. Por sua vez, os ocidentais dizem que uma invasão militar "pode acontecer a qualquer momento".
Por Redação, com ANSA - de Moscou
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, se reuniram nesta segunda-feira, em Moscou para debater as respostas que devem ser dadas aos países ocidentais por conta da crise na fronteira ucraniana.
Segundo a transmissão do encontro, repercutido pelas agências de notícias estatais, Putin destacou que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste europeu "é infinita e muito perigosa" e que esse avanço vem apenas "às custas das ex-repúblicas soviéticas, incluindo a Ucrânia".
Por sua vez, Lavrov ressaltou ao presidente que "há chances" de fechar um acordo com os países ocidentais sobre a crise. "Enquanto ministro das Relações Exteriores, preciso dizer que sempre há uma possibilidade de resolver os problemas que precisam ser resolvidos. As oportunidades de diálogo não foram exauridas", acrescentou.
Os russos acusam os países ocidentais, em especial os Estados Unidos, de fazerem "histeria e alarmismo" sobre um ataque russo à Ucrânia, que não estaria nos planos. Por sua vez, os ocidentais dizem que uma invasão militar "pode acontecer a qualquer momento".
Ameaça à segurança da Rússia
Para Putin, a Otan, liderada pelos EUA, é uma ameaça à segurança da Rússia por sua expansão na região. Por isso, o presidente quer uma declaração formal de que a Ucrânia nunca vai se filiar à aliança.
Do outro lado, a organização diz que isso não pode ser feito porque os países são soberanos e devem eles mesmos decidirem se querem se aliar ou não à Otan – mesma postura dos ocidentais.
União Europeia
Fontes da União Europeia afirmam que o suposto ataque iminente dos russos possa ser apenas um "blefe" para que Putin consiga objetivos políticos.
Segundo os membros da Inteligência, "vemos que não há sinais de desaceleração" das ações militares, "mas não sabemos se a decisão já foi tomada pela Rússia ou se eles estão apenas blefando". Até por conta disso, disse o alto funcionário, é preciso que o bloco "continue totalmente empenhado em perseguir o esforço diplomático, mesmo que saibamos que seja difícil".
Outro funcionário do bloco europeu destacou que a UE está trabalhando em um plano de última hora para acolher refugiados e migrantes das áreas de conflito. "Estamos trabalhando para um apoio da União nas fronteiras da Ucrânia e estou exortando a todos para que haja solidariedade dos países-membros", disse a fonte sob anonimato.
Nesta segunda-feira, o Parlamento Europeu ainda fará uma votação de urgência para liberar cerca de 1,2 bilhão de euros em empréstimos, anunciados pela Comissão Europeia, para que Kiev "consiga cobrir as suas necessidades de financiamento externo para o ano de 2022".
Segundo o documento que estará em pauta, "as crescentes tensões geopolíticas na fronteira com a Rússia tiveram notáveis repercussões sobre a confiança dos investimentos externos, desde a metade de novembro de 2021, além da moeda nacional perder 9% do seu valor em relação ao dólar".