Dados do início de setembro, levantados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), apontaram que 65% do corpo discente da UFLA ainda não havia tomado a primeira dose da vacina e 31% havia tomado apenas a primeira dose.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
Docentes da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, estão em greve sanitária contra o retorno das aulas presenciais desde o dia 15 de setembro. Anteriormente, a universidade publicou uma portaria determinando a volta de servidores docentes e técnicos-administrativos ao trabalho presencial, a partir do dia 8 de setembro. A decisão pela greve sanitária foi tomada em assembleia geral convocada pelo sindicato dos docentes, ADUFLA.
– De modo que as atividades e aulas presenciais foram suspensas pelo corpo docente sindicalizado em defesa da preservação da saúde e da vida da comunidade acadêmica e de toda a população lavrense – declarou a professora do Departamento de Física da UFLA, representante do Comando Unificado de Greve Sanitária e secretaria da ADUFLA, Karen Luz Burgoa Rosso.
Karen afirma também que “o retorno presencial nas condições propostas pela administração da UFLA são inadequadas aos protocolos sanitários nacionais e internacionais” e destaca que “a greve sanitária também foi deflagrada pelo corpo técnico-administrativo e pelo corpo discente da pós-graduação da UFLA''.
Retorno presencial representa risco à comunidade
Os motivos que levam a preocupação da categoria com o retorno das atividades presenciais dizem respeito aos cuidados sanitários necessários ao combate à pandemia do novo coronavírus.
Karen destaca que há ausência de imunização completa do corpo discente de graduação e pós-graduação, ausência de condições sanitárias e de imunização de pelo menos 70% da população do município de Lavras, fragilidade nos protocolos sanitários da UFLA e inadequação dos espaços físicos para o exercício laboral seguro, além de ausência de negociação adequada e diálogo com as entidades representativas em relação ao retorno seguro.
Desde o ano de 2020, as universidades federais adotaram o Ensino Remoto Emergencial como alternativa à interrupção das atividades presenciais. Karen afirma que, durante a Greve Sanitária “serão mantidas todas as atividades realizadas em regime remoto, sem prejuízo de qualquer função”.
Greve mobiliza comunidade acadêmica
O Comando Unificado de Greve Sanitária tem realizado diversas atividades de diálogo e mobilização da comunidade acadêmica. “Estão ocorrendo atividades diárias, lives com infectologista, com o pessoal do ANDES-SN, audiência pública na Câmara Municipal de Lavras, produção para as redes sociais, produção de outdoors na cidade e informes de acordo com demandas que vão surgindo, incluindo conversas com entidades e esclarecimentos de dúvidas das bases”, afirmou Karen.
Apenas 36% da população de Lavras está imunizada
A cidade de Lavras (MG), município com cerca de 100 mil habitantes, onde está a universidade, teve desde o início da pandemia 167 óbitos. Apenas 36% da população da cidade está completamente imunizada.
Dados do início de setembro, levantados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), apontaram que 65% do corpo discente da UFLA ainda não havia tomado a primeira dose da vacina e 31% havia tomado apenas a primeira dose. “Ou seja, o retorno das atividades e aulas práticas presenciais está sendo imposto na ausência de imunização completa do corpo discente de graduação e pós-graduação”, questiona Karen.
Para a professora, “o retorno das atividades representa sérios riscos para a saúde e para a vida da comunidade acadêmica e da população lavrense dado que colocará toda a cidade e região em risco de novos surtos de covid-19”.