Bioquímico David Baker e especialistas em IA Demis Hassabis e John M. Jumper contribuíram para projetar proteínas inovadoras e calcular estruturas proteicas tridimensionais, “um problema de 50 anos”.
Por Redação, com DW – de Estocolmo
Os cientistas David Baker, Demis Hassabis e John M. Jumper são os detentores do Prêmio Nobel de Química de 2024, divulgou a Real Academia Sueca de Ciências (KVA) nesta quarta-feira, em Estocolmo. As contribuições dos três laureados para a ciência foram no campo do design computacional de proteínas e previsão da estrutura proteica.
Em 2003, o bioquímico americano Baker, de 62 anos, da Universidade de Washington, projetou uma nova proteína, e desde então sua equipe tem apresentado “uma criação imaginativa de proteína após a outra”, incluindo proteínas que podem ser usadas como produtos farmacêuticos, vacinas, nanomateriais e microssensores. Como anunciou o secretário-geral da KVA, Hans Ellegren, trata-se de “uma façanha quase impossível”.
Atuantes no laboratório de pesquisa em inteligência artificial (IA) Google DeepMind, em Londres, o britânico Hassabis, de 48 anos, e americano Jumper, de 39 anos, receberão a outra metade do prêmio de 11 milhões de coroas suecas (R$ 5,5 milhões).
Ambos desenvolveram o modelo de IA Alphafold, capaz de calcular a complexa estrutura tridimensional de praticamente todas as cerca de 200 milhões de proteínas já identificados, com base em sua sequência de aminoácidos. Desse modo, resolveram “um problema de 50 anos”, comentou o júri.
O trabalho dos três laureados significou que uma tarefa que costumava levar anos agora pode ser feita em apenas alguns minutos, explicou a Real Academia de Ciências da Suécia.
Iniciativa de um inventor sueco visionário
Em 2023, a conceituada distinção do campo da química coube a Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, atuantes nos Estados Unidos, pela descoberta e desenvolvimento dos pontos quânticos, ou átomos artificiais, importantes para a computação quântica e já empregados em televisores modernos.
Criado pelo inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896), com base em sua fortuna pessoal, o prêmio que leva seu nome já foi concedido 622 vezes a 1.002 indivíduos e organizações, alguns mais de uma vez, entre 1901 e 2024.
Os seis dias de anúncios do Prêmio Nobel iniciaram-se na segunda-feira, com o da Medicina, designado aos americanos Victor Ambros e Gary Ruvkun, por sua descoberta do microRNA, uma nova classe de moléculas que desempenham um papel crucial na regulação genética. No dia seguinte, o de Física foi para John Hopfield e Geoffrey Hinton, por descobertas que possibilitam o aprendizado de máquina (machine learning) através de redes neuronais artificiais.
Após o anúncio do Nobel de Química, seguem-se o de Literatura e o da Paz. Em 14 de outubro, por fim, será divulgado o Nobel da Economia. A cerimônia de entrega, pelo rei da Suécia, Carl 16 Gustaf, está marcada para 10 de dezembro.