A Secretaria de Transportes apresentou dados técnicos sobre a modernização dos corredores Transoeste e Transcarioca, com possibilidade de conversão para VLT, VLP ou tecnologia similar.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A prefeitura do Rio detalhou, em audiência pública na Câmara dos Vereadores nesta quinta-feira, os planos para a substituição dos corredores do BRT Transcarioca e Transoeste por Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), Veículo Leve sobre Pneus (VLP) ou tecnologia similar. O encontro reuniu vereadores e representantes da prefeitura para discutir os planos de médio e longo prazo para o sistema de transporte da cidade.

Presidindo a audiência, o vereador Marcelo Diniz (PSD) afirmou que o objetivo foi esclarecer dúvidas da população sobre os projetos em andamento. “Entendemos a necessidade de modernização do transporte público. Estamos aqui para apoiar e garantir transparência no processo”, disse.
Planejamento de médio a longo prazo
Presente na audiência, a secretária de Transportes, Maína Celidonio, explicou que, apesar da recente renovação da frota do BRT, o projeto visa consolidar uma solução mais duradoura para o transporte de massa. “A vida útil de um ônibus é menor que a de um veículo sobre trilhos”, afirmou, destacando que a conversão aproveitaria a infraestrutura já existente. “Todo o investimento feito na construção da calha, nas desapropriações e nas estações não seria perdido, mas reaproveitado”, pontuou.
Celidonio ressaltou que a decisão ainda passa por análises técnicas. “É um investimento extremamente alto. Então, antes de tomar essa decisão, estamos olhando para outras alternativas de tecnologia, como o VLP, que é uma mistura entre o VLT e o ônibus”, ponderou.
Segundo a secretária, os estudos começaram a partir de uma provocação de Eduardo Paes (PSD) sobre o futuro dos ônibus articulados após a renovação da frota. “É não olhar só no curto prazo, como a recuperação do BRT, mas pensar em médio e longo prazo para a consolidação dessas rotas”, afirmou. “Estamos num momento em que temos um BRT como uma frota renovada, que funciona muito bem, então temos tempo para planejar com tranquilidade, e novas tecnologias estão surgindo com muita velocidade”, completou.
Impactos e benefícios esperados
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Carneiro, apresentou os dados do projeto, que foi modelado em parceria com o BNDES. Para o corredor Transcarioca, que atende 20 bairros, a previsão é de 36 meses de obras, com uma projeção de aumento de pelo menos 30% no número de passageiros. Já no Transoeste, que abrange sete bairros, o prazo seria o mesmo, com um incremento de 25% na demanda. A expectativa é que as operações parciais comecem a partir do segundo ano, contando do início das obras, e uma operação plena após 50 meses.
De acordo com Carneiro, a proposta representa um avanço estrutural para a mobilidade urbana carioca, com benefícios que incluem maior capacidade de transporte, redução de poluentes por se tratar de veículo elétrico e economia de tempo nos trajetos para os passageiros e menor custo operacional.
Ele também detalhou o plano de expansão do VLT para São Cristóvão, conectando-se ao Terminal Gentileza. A proposta é criar um circuito de 5 km com cinco novas paradas, integrando pontos como a Quinta da Boa Vista e o Pavilhão de São Cristóvão.
Assim como a secretária de Transportes, o chefe da pasta de Desenvolvimento Econômico reafirmou ser essencial começar os estudos para a implantação desde já. “Projetos de transporte tomam tempo e precisam de planejamento. Estamos fazendo construção a longo prazo, não adianta ficarmos apagando incêndio e não olhar para o que a cidade precisa para o futuro”.
Parceria Público-Privada
O projeto, orçado em cerca de R$ 12 bilhões, tem previsão de ser viabilizado por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP). Questionado sobre o modelo, Osmar Carneiro defendeu a escolha. “Implementando trilho, precisamos de uma PPP. Todos os projetos de trilho são muito onerosos. O governo que tem muito dinheiro faz o aporte na frente e vira concessão, e o que não tem tanto assim, faz uma PPP que na prática vai pagando esse aporte ao longo do tempo”, explicou.
A proposta que autoriza a prefeitura a delegar à iniciativa privada a implantação, operação e manutenção do novo sistema foi enviada à Câmara em agosto e ainda tramita na Casa. O texto precisa ser votado em plenário antes de virar lei e ser regulamentado pela prefeitura.