Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Prefeitura ajusta Reviver Centro e cria novas regras de moradia

Nova proposta do Reviver Centro chega à Câmara com foco em moradia popular e incentivos fiscais. Entenda as mudanças e o impacto no Centro do Rio.

Terça, 18 de Novembro de 2025 às 12:52, por: CdB

Próxima versão do programa deve chegar à Câmara até o fim do ano em meio a divergências sobre incentivos, habitação popular e uso do FGTS no coração da cidade.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A prefeitura do Rio deve enviar até o fim do ano à Câmara de Vereadores a nova proposta de revisão do Reviver Centro, programa criado em 2021 para estimular moradia e reocupação urbana na região central da cidade, informa reportagem do portal G1. A atualização, obrigatória a cada dois anos, marca o início de uma nova fase do plano, que divide opiniões de especialistas, construtores e urbanistas sobre qual deve ser o rumo dos próximos anos.

Prefeitura ajusta Reviver Centro e cria novas regras de moradia | Centro do Rio de Janeiro
Centro do Rio de Janeiro

O Reviver Centro prevê incentivos fiscais, subsídios e normas urbanísticas especiais para recuperar prédios degradados e atrair novos moradores. Ao longo de quatro anos, 61 empreendimentos foram licenciados e 18 lançamentos já chegaram ao mercado, incluindo retrofits emblemáticos como o do Edifício A Noite, na Praça Mauá.

Construção civil pede expansão de incentivos

Para o setor imobiliário, o Reviver Centro já demonstra resultados significativos. O presidente do Sinduscon Rio, Claudio Hermolin, afirma que o programa impulsionou a ocupação residencial.

– Já temos hoje a expectativa de chegar ao fim de 2026 com o dobro da população do Centro do que nós tínhamos antes do Reviver – disse à reportagem.

Ele também destaca o salto de lançamentos desde 2021: 18 projetos residenciais e quase 3,5 mil unidades colocadas no mercado. Segundo Hermolin, cerca de 85% das unidades já foram vendidas.

Uma das principais demandas dos construtores é ampliar a Operação Interligada, que permite usar créditos gerados por obras no Centro para construir em outros bairros.

Urbanistas cobram moradia popular e programas não executados

Na visão de pesquisadoras e urbanistas, a revisão do Reviver Centro deve priorizar habitação de interesse social. A professora da FAU/UFRJ Laisa Ströher afirma que parte dos empreendimentos licenciados está voltada ao mercado de aluguel temporário, e não a moradia permanente.

– Esses novos empreendimentos tão muito ligados ao mercado de aluguel de curta temporada (…) tá mais incentivando a hospedagem do que a moradia em si – apontou.

Ela lembra que o programa prevê instrumentos que ainda não saíram do papel, como locação subsidiada e requalificação de cortiços e habitações precárias.

Prefeitura defende revisão e diz que maioria compra para morar

O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, Gustavo Guerrante, explica que a revisão é um mecanismo previsto desde a criação da política.

– A legislação original (…) prevê essa revisão a cada dois anos. (…) Foi feita uma em 23, tem que ser feita uma agora em 25, justamente pra dosar essas medidas – afirmou.

A prefeitura ainda não detalhou quais mudanças serão enviadas aos vereadores, mas destaca que cerca de 70% das aquisições no Centro e na região portuária utilizam FGTS — sinal de que, para a maioria dos compradores, o objetivo é a moradia, não o aluguel por temporada.

Sobre as críticas relacionadas ao uso dos imóveis para hospedagem, o município respondeu que a prática faz parte do comportamento atual do mercado, mas não representa a totalidade dos empreendimentos do programa.

Próximos passos no Legislativo

Após o envio da minuta revisada, o texto será distribuído às comissões temáticas da Câmara, onde deve passar por análise técnica e possíveis modificações. Só depois seguirá para votação em plenário. Se aprovado, caberá ao Executivo regulamentar a nova fase do Reviver Centro.

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