Desde o recorde atingido após o início da guerra na Ucrânia, que gerou uma escalada inflacionária global, o botijão de gás tem registrado uma queda bem menor em relação à gasolina e ao diesel para o consumidor. Apesar dos cortes autorizados pela Petrobras, o preço do gás ainda aumentou em seis Estados brasileiros.
Por Redação - do Rio de Janeiro
A estatal brasileira do petróleo, Petrobras, abriu um procedimento nesta terça-feira para apurar o porquê de o preço do gás de cozinha não cair tanto para o consumidor quanto nas refinarias. Levantamento constata que o valor da commodity tem apresentado uma redução significativamente menor em comparação com outros combustíveis, o que impacta negativamente no orçamento das famílias de baixa renda.
Desde o recorde atingido após o início da guerra na Ucrânia, que gerou uma escalada inflacionária global, o botijão de gás tem registrado uma queda bem menor em relação à gasolina e ao diesel para o consumidor. Apesar dos cortes autorizados pela Petrobras, o preço do gás ainda aumentou em seis Estados brasileiros. Pesquisa realizada pelo diário conservador paulistano Folha de S. Paulo revela que o valor desse produto chega a consumir mais da metade da renda das famílias pobres, em algumas regiões do país.
Em março deste ano, o preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) atingiu seu pico de R$ 159,58 (valor corrigido pelo IPCA), e na semana passada, quando foi verificado o valor de R$ 104,37, o preço médio do botijão de 13 quilos diminuiu apenas 12%, enquanto a gasolina e o diesel registraram quedas de 32% e 34%, respectivamente.
Retenção
Embora os preços dos três combustíveis tenham sido reduzidos várias vezes nas refinarias nos últimos meses, com a gasolina ainda sendo beneficiada por cortes de impostos, dados compilados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep) indicam uma retenção no preço do gás.
Nas refinarias da Petrobras, o valor de venda do gás de cozinha caiu 47,9% desde o pico de R$ 61,65 por botijão registrado em março de 2022. Foram realizadas cinco reduções no período, sendo a última delas no dia 17 de maio, de 21,6%, o equivalente a R$ 8,97 por botijão. A estatal esperava que o preço médio do produto chegasse a R$ 99,87, porém, duas semanas depois, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) constatou que o valor médio de venda era de R$ 104,37.
Mais pobres
Antes do corte de preços, o gás de cozinha foi pressionado pela implementação do novo modelo de cobrança do ICMS, que passou a ter uma alíquota única nacional R$ 7,50 superior ao valor médio cobrado pelos Estados até abril. O levantamento do jornal revela que o custo do produto pode representar mais da metade do orçamento das famílias vulneráveis, classificadas entre os 10% mais pobres da população brasileira, em estados como Pará, Bahia, Piauí e Maranhão.
Em outros Estados, como Ceará, Amazonas e Sergipe, o preço médio do botijão de gás corresponde a mais de 40% da renda dos 10% mais pobres. Entre as capitais, o combustível supera 20% do orçamento das famílias vulneráveis em Manaus (AM), Fortaleza (CE), Teresina (PI), Salvador (BA), São Luís (MA) e Belém (PA).