Em meio a alta de casos e difusão da variante delta do coronavírus, detectada inicialmente na Índia, governo português restringe circulação para dentro e fora da região metropolitana da capital no fim de semana.
Por Redação, com DW - de Lisboa
Em meio a preocupações com o elevado número de casos de covid-19 e a disseminação da variante delta do coronavírus, detectada pela primeira vez na Índia, o governo de Portugal decidiu impor restrições de circulação à Área Metropolitana de Lisboa (AML) neste fim de semana. Os 2,8 milhões de moradores da AML, que engloba 17 municípios além da capital, estão proibidos de deixar a área entre as 15h (hora local) desta sexta-feira e as 6h de segunda-feira. Também ficará vetada a entrada de pessoas de fora da região metropolitana nesse período. A circulação para dentro e fora da AML será permitida apenas em circunstâncias extraordinárias. – É muito mais uma medida de proteção do resto do país, para não estender o fenômeno em Lisboa para outras regiões, do que uma medida de contenção da pandemia na AML – afirmou a ministra do Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, ao anunciar, nesta quinta, a restrição à circulação. Lisboa registrou 928 novos casos de covid-19 nesta quarta-feira, o mais alto número diário contabilizado desde fevereiro. A alta correspondeu a quase 70% de todas as infecções registradas no país no período, apesar de apenas 27% dos 10,3 milhões de habitantes de Portugal viverem na Área Metropolitana de Lisboa. A variante delta, mais contagiosa, vem se espalhando rapidamente na capital e arredores e é uma das principais razões para a situação epidemiológica na área. – Aparentemente, (existe) uma prevalência maior da variante delta neste território e também na região do Alentejo – afirmou Vieira da Silva, citada pelo jornal português Público. "É difícil a explicação e a tomada destas medidas (de restrição à circulação), mas é uma condição que nos pareceu fundamental neste momento para não fazer alastrar a todo o país a situação que se vive em Lisboa." Testes de laboratório sugerem que a variante delta se multiplica mais no organismo, e estima-se que o risco de infectar membros da própria família seja 60% maior, de acordo com uma análise divulgada pela autoridade sanitária britânica Public Health England (PHE). Alé disso, segundo um estudo feito por pesquisadores escoceses e publicado na revista Lancet, uma infecção pela variante duplica o risco de hospitalização. Devido à disseminação da variante delta, o primeiro-ministro, Boris Johnson, adiou por quatro semanas o levantamento de todas as medidas de prevenção na Inglaterra, inicialmente planejado para 21 de junho. Apesar da difusão da cepa no Reino Unido, Portugal decidiu liberar a entrada de turistas britânicos, exigindo apenas a apresentação de um teste negativo para a covid-19 antes da viagem.