A morte de Navalny, que cumpria pena por "extremismo" e ganhara popularidade no início da década passada com uma plataforma anticorrupção, é investigada pelo Comitê de Inquérito da Rússia, órgão tido por opositores como leal a Putin.
Por Redação, com ANSA - de Moscou
A colônia penal onde Alexei Navalny estava encarcerado informou à mãe e ao advogado do dissidente russo que ele foi vítima de "síndrome de morte súbita" e que seu corpo não será entregue até o fim das investigações.
A informação foi publicada no X (antigo Twitter) por Ivan Zhdanov, que dirige a fundação anticorrupção do líder de oposição.
– Quando o advogado e a mãe de Alexei chegaram à colônia penal nesta manhã, foi dito a eles que a causa do falecimento foi síndrome da morte súbita – escreveu o aliado de Navalny.
Esse termo é geralmente utilizado para descrever problemas cardíacos que provocam uma parada repentina no coração.
Pouco antes, a porta-voz do dissidente, Kira Yarmysh, havia acusado a Rússia de "mentir" sobre as causas da morte e de não entregar o corpo para a família.
Ao anunciar a morte de Navalny, na última sexta-feira, o serviço penitenciário federal disse que o opositor faleceu após perder a consciência subitamente durante uma "caminhada" na cadeia, porém o órgão não deu mais detalhes sobre o caso, o que levantou suspeitas de um possível envolvimento do regime de Vladimir Putin.
– A Rússia está fazendo de tudo para não entregar o corpo – escreveu Yarmysh no Telegram. Os colaboradores do dissidente também afirmaram que o cadáver não está no necrotério que havia sido indicado pela penitenciária de Kharp, na Sibéria.
"Extremismo"
A morte de Navalny, que cumpria pena por "extremismo" e ganhara popularidade no início da década passada com uma plataforma anticorrupção, é investigada pelo Comitê de Inquérito da Rússia, órgão tido por opositores como leal a Putin.
Enquanto isso, mais de 200 pessoas foram presas em manifestações pró-Navalny desde a última sexta, segundo a ONG de direitos humanos OVD-Info, sendo mais de 100 apenas em São Petersburgo e cerca de 40 em Moscou.
A morte do opositor, no entanto, recebeu uma cobertura discreta por parte da imprensa estatal na Rússia.
As TVs do governo deram pouco espaço à notícia e sem se aprofundar na figura de Navalny ou sobre os motivos pelos quais ele estava na cadeia.
O dissidente, por outro lado, foi homenageado com um minuto de silêncio em uma reunião dos ministros das Relações Exteriores do G7 em Munique, na Alemanha, neste sábado.
– A Rússia deve esclarecer essa morte e interromper a repressão inaceitável às discordâncias políticas – cobrou o chanceler e vice-premiê italiano, Antonio Tajani.