O porta-voz do primeiro-ministro, Piotr Muller, afirmou que a referência ao termo "terceira guerra mundial" que a Comissão Europeia poderia começar por conta do estado de direito no bloco trata-se "de uma hipérbole, uma figura retórica que é utilizada em várias situações e não é levada a sério literalmente".
Por Redação, com ANSA - de Varsóvia
Após uma polêmica entrevista do premiê Mateusz Morawiecki ao jornal britânico "Financial Times", o governo da Polônia se apressou em tentar "amenizar" os termos usados pelo político contra a União Europeia nesta segunda-feira.
O porta-voz do primeiro-ministro, Piotr Muller, afirmou que a referência ao termo "terceira guerra mundial" que a Comissão Europeia poderia começar por conta do estado de direito no bloco trata-se "de uma hipérbole, uma figura retórica que é utilizada em várias situações e não é levada a sério literalmente".
"Não tiraria as mesmas conclusões que a oposição está buscando tirar hoje. É impróprio usar essas palavras fazendo acreditar que estamos em risco de guerra", acrescentou.
Crise
O episódio, o enésimo da crise entre a União Europeia e a Polônia, voltou a causar tensão. Na entrevista aos britânicos, Morawiecki disse que se o órgão Executivo quiser "iniciar a terceira guerra mundial", nós vamos "usar todas as armas que temos à nossa disposição".
– Se alguém nos atacar de maneira absolutamente injusta, nos defenderemos de todas as formas possíveis. Acreditamos que essa é uma abordagem discriminatória. Mas, se piorar, precisamos pensar a nossa estratégia – disse ao jornal.
Para o ex-presidente do Parlamento Europeu e um dos principais líderes da oposição da Polônia, Donald Tusk, o governo ultraconservador de Morawiecki quer forçar a saída do bloco, o chamado "Polexit". No entanto, mais de 80% dos poloneses defendem a permanência do país na União Europeia.
A crise principal foi provocada por conta da polêmica reforma do judiciário feito pelo partido governista Direito e Justiça (PiS). Entre as principais medidas, está a instituição da câmara disciplinar, um órgão que pune e afasta juízes que não tomarem decisões que concordem com os "princípios e valores" defendidos pelo governo ultranacionalista.
Apesar de um dos líderes do PiS dizer que desativaria o comitê, a Corte Constitucional da Polônia afirmou que a legislação seria mantida porque a Constituição polonesa está acima dos tratados europeus.
Conselho Europeu
Na última semana, durante o Conselho Europeu, o caso dividiu os líderes dos demais países-membros do bloco: enquanto uns defenderam ativar o mecanismo que suspende os direitos da nação, o chamado "artigo 7", outros pediram para que a via do diálogo "seja esgotada" antes de medidas mais drásticas.
Durante uma das falas, Morawiecki chegou a dizer que desativaria a câmara disciplinar mas não porque considera que ela viole o estado de direito europeu ou por pressão. Segundo o premiê, a câmara no funcionou "como o previsto".
Contudo, ao mesmo tempo, afirmou que a Comissão Europeia estava fazendo "chantagem" com os poloneses, já que não aprova o programa econômico para a retomada pós-pandemia de covid-19 e não libera os montantes milionários para a nação. .