A demissão de Ronaldo Bandeira foi motivada pela participação dele em sociedade privada, o que é proibido. O vídeo em questão foi gravado durante uma das aulas do curso.
Por Redação, com CartaCapital – de Brasília
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) expulsou de seus quadros o agora ex-agente Ronaldo Bandeira, que protagonizou um vídeo em que ensinava estudantes a fazerem uma “câmara de gás” dentro de viatura e debochava de suposta vítima do crime.
Apesar da repercussão do episódio, Bandeira foi excluído da corporação devido a uma infração do estatuto dos servidores públicos civis da União por participar da gerência ou administração de sociedade privada, no caso, um curso de preparação para as provas da PRF. O vídeo em questão foi gravado durante uma das aulas do curso.
A demissão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 25 de julho e foi informada inicialmente pelo portal G1 nesta segunda-feira. A informação foi confirmada por CartaCapital.
Em sua página no Instagram, Bandeira, que atuava pela PRF em Santa Catarina, se disse surpreendido pela notícia e afirmou ser injustiçado. Ele ainda afirmou que vai se dedicar à empresa de cursos, da qual “agora sim” iria cuidar.
O policial demitido chegou a ser suspenso do cargo por 90 dias, por ordem do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em meio a um procedimento administrativo disciplinar aberto após a divulgação do vídeo em que ensinava os estudantes a montar a “câmara de gás”.
O vídeo
Na gravação, Bandeira mostra como torturar pessoas dentro de viaturas. Sempre rindo do que falava, ele relatou um episódio em que teria usado o spray de pimenta para atacar uma pessoa que teria sido detida.
O relato chamou atenção pela semelhança com o caso da morte de Genivaldo Santos, que foi torturado e asfixiado até a morte por três agentes da PRF em Sergipe em maio de 2022. Os responsáveis pela abordagem foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e irão a júri popular.
– A gente estava na parte de trás da viatura, ele ainda tentou quebrar o vidro da viatura com chute. Ficou batendo o tempo todo – afirmou Bandeira. “A pessoa fica mansinha. Daqui um pouco só escutei: ‘vou morrer! Vou morrer’. Aí eu fiquei com pena, cara. Abri [e falei] assim: ‘tortura!’, e fechei de novo”, disse, às gargalhadas