Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Petrobras e pré-sal na mira do governo entreguista

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Sexta, 23 de Agosto de 2019 às 07:11, por: CdB

A equipe econômica do governo anunciou na quarta-feira um plano para privatização da Petrobras até o final do mandato de Bolsonaro em 2022. O presidente da extrema direita, comprometido com a agenda privatista, não descartou a possibilidade ventilada pelo Ministério da Economia. Disse que vai avaliar a proposta que será apresentada pelo ministro Paulo Guedes, e verificar o "custo-benefício" da medida.

Por Umberto Martins  - de São Paulo

"A ideia é abrir o Brasil", disse em conversa com jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã. "O governo estuda tudo, nós temos que nos preparar para qualquer coisa", disse.
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A equipe econômica do governo anunciou na quarta-feira um plano para privatização da Petrobras
A joia da coroa é a exploração do pré-sal, conforme constata o jornal Valor em reportagem publicada na quinta.

Cobiça internacional

De acordo com informações da Petrobras, a produção de petróleo e gás em julho foi de 2,76 milhões de barris de óleo equivalente (BOE) por dia. Apenas no pré-sal, a produção (recorde) chegou a 2,1 milhões/dia. Dirigentes da estatal estimam que em pouco tempo a extração de petróleo em águas profundas representará 88% de todos os polos de exploração e produção. Hoje já significa 55%. O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Decio Oddone, observou recentemente que a produção no pré-sal aumentou 729% entre 2012 e 2018. Um crescimento geométrico, que ainda está longe do esgotamento. O Brasil possui uma imensa reserva de ouro negro que despertou a cobiça das multinacionais do petróleo. Não foi por mera coincidência que logo após o anúncio da descoberta do pré-sal no governo Lula, os EUA anunciaram a reativação da 4ª Frota da Marinha para patrulhar os mares da América do Sul. Concomitantemente, empenharam-se na conspiração para o golpe de 2016 que, travestido de impeachment, resultou na derrubada do governo Dilma e ascensão de Michel Temer ao Palácio do Planalto. O emedebista, que chegou a desempenhar o infame papel de informante de Washington, mudou a política externa brasileira, priorizando a aliança com os EUA, e iniciou a obra de abertura do pré-sal e privatização fatiada da Petrobras. Entrou para a história como o presidente recordista em impopularidade e com merecida fama de corrupto.

Crime de lesa-pátria

A agenda entreguista foi radicalizada por Jair Bolsonaro. A eleição do líder da extrema direita, em 2018, precedida da condenação sem provas e prisão política do ex-presidente Lula no âmbito da controvertida Operação Lava Jato, foi o coroamento do golpe de Estado. Bolsonaro bateu continências à bandeira dos EUA e, em Washington, vomitou impropérios contra a China e jurou lealdade ao bilionário Donald Trump, traduzindo o mais autêntico complexo de vira-lata detectado no século passado pelo escritor Nelson Rodrigues. Não se pode dizer que o líder da extrema direita brasileira não esteja cumprindo o juramento. Se o projeto entreguista for levado a cabo, o prejuízo será grande para o Brasil. Os lucros do pré-sal que, no marco regulatório definido nos governos Lula e Dilma (depois alterado por iniciativa de José Serra no Senado), alimentavam a expectativa de redenção da educação e saúde públicas, correm agora o risco de serem surrupiados pelo capital estrangeiro. Desenha-se no horizonte político mais um crime de lesa pátria, que só não será consumado se a nação se indignar e reagir à altura, resgatando e atualizando a memorável campanha “O petróleo é nosso!”.
Umberto Martins, é jornalista e autor do livro O golpe do capital contra o trabalho.

As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil

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