Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Petro critica governo Trump por interferência na Colômbia

O presidente colombiano Gustavo Petro condena a incursão militar dos EUA no Caribe, resultando na morte de um pescador inocente e na violação da soberania colombiana.

Domingo, 19 de Outubro de 2025 às 12:26, por: CdB

O governo colombiano critica a incursão militar dos Estados Unidos no Caribe, perto das águas venezuelanas.

Por Redação, com CartaCapital – de Bogotá, Washington

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou no sábado que os Estados Unidos violaram a soberania das águas colombianas e assassinaram um pescador durante sua campanha militar contra o narcotráfico no Caribe, na qual Washington concentra suas forças na Venezuela.

Petro critica governo Trump por interferência na Colômbia | O presidente dos EUA Donald Trump e o presidente colombiano Gustavo Petro
O presidente dos EUA Donald Trump e o presidente colombiano Gustavo Petro

– Funcionários do governo dos Estados Unidos cometeram um assassinato e violaram nossa soberania em águas territoriais. O pescador Alejandro Carranza não tinha vínculos com o narcotráfico e sua atividade diária era pescar – afirmou o presidente na rede social X.

O governo colombiano de esquerda critica a incursão militar dos Estados Unidos no Caribe, perto das águas venezuelanas, onde desde agosto navios e aviões de guerra atuam para conter o tráfico de drogas da América Latina.

– A lancha colombiana estava à deriva e com o sinal de avaria ativado devido a um motor com problemas. Esperamos explicações do governo dos Estados Unidos – acrescentou Petro.

Carranza teria falecido em um dos ataques dos Estados Unidos em meados de setembro, durante sua atividade de pesca no Caribe colombiano, segundo o depoimento de um familiar compartilhado pelo presidente.

– Alejandro Carranza é pescador, fomos criados em famílias de pescadores (…) não é justo que o tenham bombardeado dessa maneira. Uma pessoa inocente que sai para buscar o pão de cada dia – disse Audenis Manjarres, parente da vítima, em uma entrevista ao canal público RTVC Notícias.

A Marinha dos Estados Unidos afirma ter matado pelo menos 27 supostos narcotraficantes em seis ataques contra embarcações desde o início de setembro.

Manjarres disse que reconheceu a embarcação de Carranza nos vídeos de 15 de setembro divulgados pela imprensa internacional sobre o ataque militar em alto-mar. Ele indicou que falou pela última vez com a vítima um dia antes, às 5h00 locais.

Os pescadores pararam de sair para trabalhar por “medo de bombardeios”, acrescentou Manjarres, que mora na cidade costeira de Santa Marta.

Tensão

O sobrevivente de outro ataque dos Estados Unidos contra um suposto narco-submarino foi repatriado à Colômbia em estado grave de saúde, segundo o Ministério do Interior.

O colombiano de 34 anos e um equatoriano viajavam em uma embarcação que foi bombardeada. Duas pessoas morreram no ataque, segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

– Ele chegou com traumatismo craniano, sedado, dopado e respirando por aparelhos – declarou o ministro do Interior, Armando Benedetti. “Será processado porque supostamente é um criminoso que traficava drogas”, acrescentou.

Em lados políticos opostos, Petro mantém uma relação tensa com os Estados Unidos, principal parceiro comercial da Colômbia.

Segundo Trump, o narco-submarino estava carregado com fentanil e outras drogas. Também afirmou que “os dois terroristas sobreviventes serão devolvidos aos seus países de origem, Equador e Colômbia, para serem detidos e julgados”.

Até o momento, o governo do presidente equatoriano Daniel Noboa não se pronunciou.

Especialistas questionam a legalidade dos ataques com o uso de força letal em águas internacionais contra suspeitos que não foram detidos ou interrogados.

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