Para o líder católico, "para fazermos parte da comunidade, para sermos nós mesmos, não precisamos usar máscaras que oferecem uma imagem apenas vencedora de nós". "Não temos a necessidade de contar vantagem, nem de nos inflar ou, pior ainda, de assumir comportamentos violentos.
Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano
O papa Francisco abriu nesta quinta-feira um simpósio internacional sobre o sacerdócio e criticou a "inveja e até mesmo o bullying" que ocorre entre os padres e voltou a fazer críticas sobre o clericalismo.
– O outro que é incapaz de se alegrar com o bem que acontece na vida, ou quando eu sou incapaz de ser feliz quando vejo o bem na vida dos outros (...), aí é muito presente a inveja, que tanto atormenta os nossos ambientes e que é uma fadiga na pedagogia do amor, não simplesmente um pecado a confessar. É tão presente a inveja nas comunidades sacerdotais, tanto, e a palavra de Deus nos diz que isso é um comportamento destruidor – afirmou aos religiosos.
– Pela inveja, com o diabo, é como o pecado entrou no mundo, e a destruição. Nos nossos presbitérios há a inveja, não todos são invejosos, mas a tentação da inveja é visível. E da inveja nasce a fofoca – acrescentou.
Para o líder católico, "para fazermos parte da comunidade, para sermos nós mesmos, não precisamos usar máscaras que oferecem uma imagem apenas vencedora de nós". "Não temos a necessidade de contar vantagem, nem de nos inflar ou, pior ainda, de assumir comportamentos violentos, com a falta de respeito a quem está do lado. Há formas de clericalismo e bullying", afirmou.
Para o papa, "o amor fraterno não busca o próprio interesse, não deixa espaço para a ira, para o ressentimento, como se o irmão que está ao meu lado é alguém que tenha retirado alguma coisa de mim". Clericalismo, em outro ponto do discurso, o líder da Igreja Católica voltou a atacar o "clericalismo" de muitos.
Para uma teologia fundamental do sacerdócio, uma deformação da vocação que nasce precisamente do esquecer que a vida sacerdotal se deve aos outros, ao Senhor e às pessoas confiadas por ele.
Esse esquecimento é a base do clericalismo e de suas consequências. O clericalismo é uma perversão, e também um dos seus sinais, a rigidez, é uma outra perversão. O clericalismo é uma perversão porque constitui afastamento", afirmou.
Segundo o Pontífice, quando ele pensa nessa prática "penso também no clericalismo entre os laicos: aquela promoção de uma pequena elite que, ao redor do padre, termina por saturar a própria missão fundamental. É uma tentação".
Celibato
O papa Francisco ainda falou sobre o celibato e disse que a prática pode ser um "peso insuportável" se o sacerdote não tiver amigos.
– Ali é onde funciona a fraternidade sacerdotal e há as verdadeiras ligações de verdadeira amizade, ali é também possível viver com mais serenidade também a escolha celibatária.
O celibato é um dom que a Igreja latina custodia, mas é um dom que é para ser vivido como santificação necessária para relações sãs, de relações de verdadeira estima e verdadeiro bem que encontra suas raízes em Cristo", afirmou ainda.
– Sem amigos e sem orações, o celibato pode se tornar um peso insuportável e um contratestemunho à beleza do sacerdócio – pontuou ainda.