Os critérios mundanos. Prefiro usar o termo 'mundanos' que 'sexualizados', porque o termo abraça tudo. Por exemplo, o frenesi para se promover. A ânsia por se destacar ou, como dizemos na Argentina, 'escalar'".
Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano
Em entrevista à revista jesuíta La Civiltà Cattolica, reproduzida nesta segunda-feira pelo jornal La Reppublica, o papa Francisco fez um alerta para "tendências reacionárias" na Igreja, especialmente nos Estados Unidos, e pediu respeito às mudanças dos tempos.
– Há uma atitude reacionária muito forte, organizada. Quero lembrar a essas pessoas que o atraso é inútil, é preciso entender que há uma evolução justa na compreensão das questões de fé e moral – declarou o pontífice.
– Hoje é pecado detonar bombas atômicas, a pena de morte é pecado, e antigamente não era assim. Alguns pontífices antes de mim toleraram a escravidão, mas hoje as coisas são diferentes. Aqueles grupos americanos, tão fechados, estão se isolando. E ao invés de viver com a verdadeira doutrina que se desenvolve e dá frutos, vivem de ideologias – acrescentou.
“Sexualização"
Questionado sobre a "sexualização" da sociedade, o Papa disse: "Não tenho medo da sociedade sexualizada, temo a forma como nos relacionamos com ela.
Os critérios mundanos. Prefiro usar o termo 'mundanos' que 'sexualizados', porque o termo abraça tudo. Por exemplo, o frenesi para se promover. A ânsia por se destacar ou, como dizemos na Argentina, 'escalar'".
Francisco também reforçou o aceno que tem feito à comunidade LGBT+: "É evidente que hoje o tema da homossexualidade é muito forte, e a sensibilidade a esse propósito muda segundo as circunstâncias históricas".
– O que eu não gosto é o olhar ao dito 'pecado da carne' com lente de aumento, assim como por muito tempo se fez a respeito do sexto mandamento (‘não pecar contra a castidade’). Se você explorava operários, mentia ou enganava, não contava. Eram relevantes os pecados da cintura para baixo – analisou.
– Para acompanhar espiritualmente e pastoralmente as pessoas é preciso muita sensibilidade e criatividade. Mas todos, todos, todos estão convidados a viver na Igreja, não esqueçam nunca. Todos estão convidados. Percebi que essas pessoas se sentem rejeitadas, é muito difícil – concluiu o papa Francisco.