Os números do cenário de mortes, na capital amazonense, foram divulgados nesta segunda-feira, com base nos dados atualizados de óbitos da Fundação em Vigilância de Saúde (FVS) do Amazonas.
Por Redação - de Brasília e Manaus
O Amazonas voltou a registrar um salto de 41% nas mortes por covid-19 após a falta de oxigênio nos hospitais de Manaus, que provocaram o colapso do sistema de saúde no maior Estado da região norte do Brasil. A crise sanitária e estrutural que atingiu o Amazonas está no centro de um processo contra o ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello.
O inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar se houve omissão do ministro, no colapso da rede pública de hospitais de Manaus pode levar a uma condenação do general da ativa e até mesmo, em última análise, à sua perda de posto e patente pelo Superior Tribunal Militar (STM). Em outras palavras, na visão de especialistas ouvidos pela mídia conservadora, o oficial do Exército coloca em risco sua carreira militar por atos como agente político.
Os números do cenário de mortes, na capital amazonense, foram divulgados nesta segunda-feira, com base nos dados atualizados de óbitos da Fundação em Vigilância de Saúde (FVS) do Amazonas.
Óbitos
No dia 14 de janeiro houve falta de oxigênio, de forma quase sincronizada, em diversos hospitais de Manaus, o que fez com que os médicos tivessem que escolher entre os pacientes quais tinham mais possibilidades de sobrevivência para receberem o insumo. Naquele mesmo dia, o Amazonas registrou o recorde de mortes por covid-19 desde o início da pandemia, com 159 óbitos em apenas 24 horas.
Com base nos números levantados, o Estado da região norte do país registrou 500 mortes por covid-19 nos cinco dias anteriores à falta de oxigênio, uma média de 100 por dia. Já entre os dias 14 e 18, o índice registrou um salto para 706 mortes, o que equivale a uma média de 141 por dia.
— Sem dúvida tivemos um impacto significativo da falta de oxigênio nesse número. Nós estávamos em uma curva de crescimento e a cada dia visualizávamos um número maior de óbitos. Mas o aumento verificado no dia 14 foi extremamente importante e acima do esperado — disse a jornalistas o infectologista Bernardino Cláudio de Albuquerque, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Amazônia.
Emergência
Após o dia 14, no entanto, as internações hospitalares caíram significativamente. Segundo a FVS, 258 pessoas foram hospitalizadas no Estado em 14 de janeiro, o maior número registrado até agora desde o início da pandemia. Um dia depois, as internações caíram para 169 e, no dia 16, para 113.
— Depois que a bomba estourou, houve uma redução importante nas internações. As pessoas não procuraram mais as unidades de saúde com medo de morrerem lá dentro por falta de oxigênio — afirmou o professor da UFAM.
Além disso, as unidades de saúde pararam de receber pacientes por falta de vagas, como aconteceu no Hospital 28 de Agosto, que conta com a maior emergência de Manaus. O centro de saúde desativou a triagem no dia 15 e deixou os pacientes sem atendimento.