Cientistas e ativistas que defendem distribuição mais igualitária de vacinas contra covid-19 dizem que, com parte da população global desprotegida, era inevitável o surgimento de cepa mais perigosa como a Ômicron.
Por Redação, com DW - de Genebra
Para os ativistas e cientistas que passaram o último ano defendendo uma distribuição mais justa das vacinas contra a covid-19, a notícia de uma nova variante do coronavírus, potencialmente mais perigosa, era um desastre à espera de acontecer. A variante se chama Ômicron e foi detectada inicialmente na África do Sul, onde menos de 25% da população está totalmente vacinada. A variante é a primeira desde a detecção da delta, há cerca de um ano, a ganhar da Organização Mundial da Saúde (OMS) o rótulo de "variante de preocupação”, sua categoria mais elevada. A designação significa que a variante tem mutações que podem torná-la mais contagiosa ou mais virulenta, ou tornar as vacinas e outras medidas preventivas menos eficazes, embora nenhum desses efeitos ainda tenha sido oficialmente confirmado. Vários países da Europa já detectaram casos. – O que a ciência nos diz desde o início é que, se você tem grandes populações desprotegidas contra este vírus, ele vai sofrer uma mutação – diz David McNair, diretor executivo de política global da ONG ONE, que combate a miséria na África. "É uma tragédia que hoje estejamos vendo isso acontecer." – Armazenar vacinas, não financiar uma resposta conjunta global, tudo isso levou a esta situação. E o triste é que os países da UE, América do Norte, Canadá e outros tinham o poder de mudar isso há um ano e escolheram não fazê-lo – complementa.