Um terço da pessoas de ascendência africana que vivem na União Europeia diz ter sido alvo de racismo nos últimos cinco anos, enfrentando problemas com a polícia e na busca por emprego e moradia, por exemplo.
Por Redação, com DW - de Bruxelas
Pessoas negras que vivem na União Europeia (UE) são alvo de racismo e preconceito generalizado em muitas áreas da vida, aponta um relatório publicado nesta quarta-feira pelo bloco. – Quase 20 anos após a adoção de leis proibindo a discriminação na UE, pessoas de ascendência africana enfrentam preconceito generalizado e arraigado e exclusão – afirma Michael O'Flaherty, diretor da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA) no relatório Being Black in the EU (Ser negro na UE). O documento é resultado de entrevistas realizadas em 2015 e 2016 com cerca de 5,8 mil pessoas de ascendência africana em 12 membros da UE: Alemanha, Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Portugal, Suécia e Reino Unido. Quase um terço dos entrevistados disse ter vivenciado algum tipo de racismo nos últimos cinco anos. Do total de entrevistados, 5% foram alvo de um ataque violento, e 10% destes disseram que o agressor foi um policial. Mais de 60% dos negros que foram alvo de ataques violentos não reportaram os incidentes às autoridades. Muitos afirmaram não confiar na polícia ou ter a impressão de que a denúncia não surtiria efeito algum. Outro problema é a abordagem policial. Um quarto dos entrevistados disse ter sido parado pela polícia nos últimos anos, e 41% deles acreditam que a abordagem teve um fundo racial. – A perfilagem discriminatória pela polícia é uma realidade comum – diz o relatório, destacando que a prática é ilegal e mina a confiança na polícia. O relatório da FRA também analisou a discriminação racial envolvendo emprego, moradia e educação. Mais de um quarto dos entrevistados disse ter enfrentado tratamento injusto em ao menos uma dessas áreas nos últimos cinco anos. Em relação à moradia, por exemplo, 14% disseram ter sido impedidos pelo proprietário de alugar um imóvel devido à sua origem. Além disso, um quarto dos entrevistados se sentiu descriminado ao buscar emprego. – Um padrão particularmente inquietante é que indivíduos mais jovens tendem a experimentar mais discriminação e exclusão do que indivíduos mais velhos. Isso torna ainda mais urgente a necessidade de esforços intensificados para promover a plena inclusão de pessoas de ascendência africana na UE – disse O'Flaherty. A FRA instou os governos da UE a combaterem a discriminação e a perfilagem racial pela polícia, além de garantir que vítimas de abuso possam buscar reparação.