Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Mutação da variante britânica preocupa cientistas

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Quarta, 10 de Fevereiro de 2021 às 09:56, por: CdB

Cepas modificadas identificadas em Liverpool e Bristol guardam semelhanças com as variantes brasileira e sul-africana do novo coronavírus e são acompanhadas com atenção no Reino Unido.

Por Redação, com DW - de Londres Formas modificadas da variante britânica do novo coronavírus, a B117, foram identificadas nas cidades de Bristol e Liverpool, anunciou na terça-feira, em Londres, um comitê científico que assessora o governo do Reino Unido.
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Modelo computadorizado do novo coronavírus, com a proteína spike em vermelho
As duas formas modificadas da variante britânica guardam semelhanças com as cepas identificadas na África do Sul e no Brasil e uma delas, a de Bristol, foi classificada como preocupante pelos cientistas. Ambas têm a mutação E484K, que ocorre na proteína spike do vírus e é a mesma mudança verificada nas variantes sul-africana e brasileira. A variante britânica até então não tinha essa mutação, que é relacionada a uma menor resposta do sistema imunológico em pessoas que já foram infectadas. As vacinas da Pfizer-Biontech e de Oxford-AstraZeneca se mostraram eficazes contra a variante britânica, sem a mutação E484K, mas há dúvidas sobre a eficácia do imunizante da AstraZeneca contra a variante sul-africana. – Devido ao que já se sabe sobre a infecciosidade da B117, que é a variante dominante no Reino Unido, acompanhamos isso com preocupação – comentou a cientista Susan Hopkins, da agência de saúde pública da Inglaterra. Os cientistas ressalvaram, porém, que a mutação E484K já apareceu e sumiu várias vezes desde abril do ano passado. O Reino Unido registrou, até o momento, 76 casos dessas duas formas do coronavírus identificadas em Bristol e Liverpool.

Vacinas podem e não podem fazer

Apesar de terem recebido as duas doses da vacina produzida pela Pfizer-Biontech contra a covid-19, 14 idosos de uma casa de repouso na cidade de Osnabrück, no noroeste da Alemanha, testaram positivo para a variante B117 do coronavírus, descoberta pela primeira vez no Reino Unido. – Houve alguns casos completamente assintomáticos e outros sintomáticos, mas apenas com quadros leves – diz Burkhard Riepenhoff, assessor de imprensa do município de Osnabrück. Testar positivo para covid-19 sem apresentar sintomas ou ter uma evolução leve da doença é algo normal após a vacinação, possível sinal de que a vacina está funcionando.

Vacinados podem testar positivo?

Vacinas podem criar dois tipos de imunidade na pessoa vacinada: imunidade efetiva ou a chamada "imunidade esterilizante", que é uma proteção completa contra um vírus, quando nenhuma partícula de vírus consegue entrar em qualquer célula do corpo e não consegue se replicar, impedindo a transmissão. "Isso é como o Santo Graal das vacinas", afirma Sarah Caddy, pesquisadora de imunologia viral da Universidade de Cambridge. "Mas isso é algo realmente difícil de se conseguir." A maioria das vacinas consegue impedir que o vírus cause quadros graves da doença, mas não impede que a pessoa seja infectada ou transmita o vírus. Elas conseguem limitar a quantidade de vírus que entra no corpo, mas ainda haverá alguma replicação do vírus. "No entanto, a vacinação deve resultar em anticorpos suficientes para reduzir o quanto o vírus se reproduz", diz Caddy. "É por isso que estamos vendo uma redução na doença, mas também alguma replicação do vírus, que é então detectada como uma infecção assintomática."

Pessoas vacinadas podem transmitir o vírus?

Atualmente não há dados suficientes para saber se as vacinas contra covid-19, tanto as de mRNA e as baseadas em vetores virais, podem prevenir ou reduzir a transmissão, de acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), entidade governamental alemã encarregada de controle de doenças infecciosas. Até que esses dados estejam disponíveis, as pessoas vacinadas e aqueles ao seu redor devem continuar a seguir as medidas de proteção recomendadas, como usar máscara, manter distância e lavar as mãos regularmente, alerta o RKI. – A maioria das vacinas não pode prevenir a transmissão – ressalta Caddy, incluindo a maioria das vacinas já há muito tempo em uso. "Elas não podem induzir a imunidade esterilizante, mas reduzem a transmissão o suficiente para deter o vírus na população", explica.

Pessoas vacinadas podem adoecer de covid-19 depois?

É possível adoecer de covid-19 mesmo após a vacinação. Mas a vacinação ajuda a prevenir quadros graves da enfermidade. Quem foi vacinado, em caso de contágio, mais provavelmente ficará assintomático ou terá uma versão leve da doença. A vacina da Pfizer-Biontech é 95% eficaz na prevenção da doença da cepa original, enquanto a da Moderna é 94% eficaz, e o inoculante da parceria Oxford-AstraZeneca é 76% eficaz. Em testes realizados no Brasil, a CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, obteve uma eficácia geral de 50,38%. O índice indica a capacidade da vacina de proteger contra todos os casos da doença, independente da gravidade.

A vacina pode proteger contra as novas variantes?

As novas variantes do coronavírus podem influenciar a eficácia das vacinas atuais. Uma série de estudos estão sendo realizados no mundo com diferentes imunizantes para decifrar isso. A vacina da Pfizer-Biontech provavelmente é eficaz contra a altamente infecciosa variante B117 do vírus, embora sua eficácia seja ligeiramente afetada, de acordo com cientistas da Universidade de Cambridge. Mas a mutação E484K, observada pela primeira vez na variante B1351, originária da África do Sul, aumenta substancialmente a quantidade de anticorpos necessários para prevenir a infecção. O estudo ainda não foi revisado ​​por pares e envolveu apenas um pequeno número de pacientes. A mutação E484K está presente tanto na variante do coronavírus encontrada pela primeira vez no Amazonas, batizada de P1, como na da África do Sul, também chamada de 501Y.V2. Uma outra variante encontrada no Reino Unido também passou a apresentar a mutação E484K em algumas regiões do país, de acordo com a Public Health England, agência ligada ao Ministério da Saúde britânico. A África do Sul decidiu suspender o lançamento da vacina de Oxford-AstraZeneca depois que um estudo com cerca de 2 mil pessoas descobriu que a vacina oferece pouca proteção contra casos leves e moderados de covid-19. A pesquisa foi realizada por especialistas das universidades de Oxford e de Witwatersrand, em Johanesburgo. Shabir Madhi, professor de vacinologia em Witwatersrand, disse à agência alemã de notícias Deutsche Welle (DW) que os dados científicos mostram que a vacina de Oxford-AstraZeneca é apenas 22% eficaz contra a variante dominante na África do Sul.

A vacina contra a covid-19 pode provocar um teste positivo?

As vacinas da Pfizer-Biontech, Moderna e Oxford-AstraZeneca não levam a um resultado positivo para covid-19 nos exames virais, que são usados para verificar se a pessoa tem uma infecção no momento. As vacinas não contêm o coronavírus propriamente dito. Quando o corpo da pessoa vacinada desenvolve uma resposta imunológica, que é o objetivo da vacinação, é possível que ela receba um resultado positivo em alguns testes de anticorpos, que indicam se a pessoa já teve uma infecção anteriormente, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

A vacina contra a covid-19 pode provocar covid-19?

As vacinas da Pfizer-Biontech, Moderna e Oxford-AstraZeneca não podem infectar ninguém com covid-19 porque as vacinas não contêm o coronavírus em si. Elas ensinam o sistema imunológico a reconhecer e combater o vírus que causa a covid-19, de acordo com o CDC. Às vezes, podem causar sintomas como febre, dor de cabeça, fadiga e dores musculares, que devem durar apenas alguns dias. Já a vacina da Coronavac é produzida com o coronavírus desativado e, portanto, também não pode causar a covid-19, pois contém apenas a estrutura do vírus.

Quais os efeitos colaterais mais comuns?

O mais comum é sentir alguma vermelhidão, calor e dor no local onde foi aplicada a injeção. "Isso é comum em praticamente todas as respostas imunológicas", diz Caddy. "E, na verdade, as pessoas que conheço que tomaram a vacina ficaram muito satisfeitas porque doeu um pouco depois, mostrando que sua resposta imunológica está funcionando – um braço um pouco dolorido é bom; é algo completamente normal." Pode levar algumas semanas para o corpo desenvolver imunidade ao coronavírus após a vacinação, de acordo com o CDC. Isso quer dizer que é possível que alguém seja infectado com o vírus imediatamente antes ou depois de receber a vacina e ainda desenvolver sintomas da covid-19. Mas isso ocorre apenas porque a vacina não teve tempo suficiente para criar proteção no corpo.
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