A festa também foi marcada pela inauguração de novos espaços na escola, como a criação de áreas administrativas, bloco de alojamentos, refeitório, auditório, salas de aula. Foi ainda inaugurada uma loja com produtos da reforma agrária.
Por Redação, com ACS/MST - de Prado (BA)
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) comemorou, neste fim de semana, os 10 anos de fundação da Escola Popular de Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no assentamento Jacy Rocha, município de Prado, Extremo Sul da Bahia.
A festa também foi marcada pela inauguração de novos espaços na escola, como a criação de áreas administrativas, bloco de alojamentos, refeitório, auditório, salas de aula. Foi ainda inaugurada uma loja com produtos da reforma agrária.
Neuza de Jesus é técnica de agroecologia e se formou na primeira turma da escola, iniciada em 2017. Ela mora no assentamento Irmã Dorothy, na cidade de Eunápolis, na Bahia, e recordou da relevância da formação para vivência dela no campo.
— Eu vim para escola estudar visando que eu poderia me capacitar profissionalmente para poder atuar dentro dos acampamentos e assentamentos. Consequentemente, fazer um trabalho dentro do meu lote e fazer esse trabalho tanto na minha casa como também para os meus vizinhos. A escola foi um divisor de águas na minha vida. A educação sempre vai libertar todo mundo, e com o apoio da escola popular eu consegui me formar, mesmo tendo três filhas, mesmo sendo mãe solo — afirmou.
Hoje, Neuza integra uma equipe composta por biólogos, agrônomos e técnicos em agropecuária, para orientar as famílias no processo de transição agroecológica no Assentamento Irmã Dorothy.
Metodologia
A metodologia da Egídio Brunetto tem quatro vertentes centrais: produção, comercialização e os eixos ambiental e social. Em parceria com a Fiocruz, a especialização em Educação do Campo e Agroecologia formou 48 pessoas em sua primeira turma.
Os espaços pedagógicos na Egídio Brunetto também são fundamentados nos quintais produtivos das famílias, onde os sistemas agroflorestais são a base fundamental. É onde estão inseridos os cursos populares não formais, voltados às produções desenvolvidas nos lotes – como é o caso do cultivo do café, da pimenta, e de outras fruticulturas.
— Essa escola é uma ferramenta pedagógica dentro desses territórios do Extremo Sul. Ela surge para poder contribuir na construção da agroecologia e da agrofloresta, no debate da produção de alimentos saudáveis, assim como a formação nesse viés da agroecologia de sem terra, indígenas e povos originários tanto desse território, aqui no Estado da Bahia, como de fora, de outros países — define Eliane Oliveira, da direção nacional do MST, na Bahia.
Apoio político
A escola estava no roteiro da diligência da CPI do MST ao longo da última semana. Mas, de última hora, os parlamentares mudaram o roteiro e descartaram as áreas indicadas pela própria militância do movimento.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, participou do evento e destacou a relevância do conhecimento para o desenvolvimento da agricultura.
— Essa escola vai ser um centro de debate sobre o fortalecimento da agricultura familiar. Vai ser possível debater bioinsumos, energia solar, cooperativas e agroindústria — resumiu o ministro, relembrando que a escola cumprirá um papel de apontar os caminhos sobre como a agricultura pode "absorver as mudanças tecnológicas".