Militares foram enviados à capital da Etiópia, Adis Abeba, nesta quarta-feira, depois que grupos armados percorreram bairros durante um segundo dia de tumultos que já deixaram mais de 50 mortes e aprofundaram as divisões no berço político do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.
Por Redação, com Reuters - de Adis Abeba
Militares foram enviados à capital da Etiópia, Adis Abeba, nesta quarta-feira, depois que grupos armados percorreram bairros durante um segundo dia de tumultos que já deixaram mais de 50 mortes e aprofundaram as divisões no berço político do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed. Os protestos foram desencadeados pelo assassinato do músico popular Haacaaluu Hundeessaa na noite de segunda-feira e se espalharam de Adis Abeba para a região circundante de Oromiya. O crime despertou ressentimentos causados por décadas de repressão governamental e pelo que os oromos, o maior grupo étnico etíope, descreve como sua exclusão histórica do poder político. – Estou com raiva. Isso está me devorando por dentro – disse Ishetu Alemu à Reuters enquanto pneus eram queimados na rua. Sons de tiros ecoaram em muitos bairros, e grupos armados com facões e varas percorriam as ruas. Seis testemunhas descreveram uma situação em que jovens de origem oromo se chocaram com alguns dos outros grupos étnicos da cidade, e em que os dois lados tiveram atritos com a polícia. – Tivemos uma reunião com a comunidade, e nos disseram para nos armarmos com tudo que tivermos, inclusive facões e varas. Não acreditamos mais que a polícia nos protegerá, então temos que nos preparar – disse um morador de Adis Abeba, que como outros entrevistados pediu para não ser identificado por temer represálias. Uma família oromo disse que uma gangue armada tentou invadir seu complexo. A polícia reagiu, mas disse que não podia ficar por estar recebendo muitos outros chamados.