Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

México pede investigação sobre uso de gás lacrimogêneo na fronteira

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Terça, 27 de Novembro de 2018 às 09:25, por: CdB

Em carta aos EUA, governo mexicano questiona uso de armas não letais por autoridades norte-americanas contra imigrantes que tentavam atravessar fronteira entre ambos os países. Trump defende uso do agente químico.

Por Redação, com DW - da Cidade do México

O Ministério das Relações Exteriores do México enviou na segunda-feira uma carta diplomática ao governo dos Estados Unidos na qual pede uma investigação sobre o uso de gás lacrimogêneo contra imigrantes na fronteira entre dois os países, no domingo passado.
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Estima-se que pelo menos 500 imigrantes tenham tentado violar a fronteira entre México e EUA no domingo
No documento, o ministério expressou preocupação com fatos ocorridos naquele dia, quando autoridades norte-americanas lançaram gás lacrimogêneo contra centenas de imigrantes que violaram um cordão da polícia mexicana em Tijuana, com a intenção de cruzar a fronteira. O Ministério do Exterior solicitou às autoridades norte-americanas que realizem uma "investigação exaustiva" sobre o lançamento de "armas não letais" em direção ao território do México. Ainda não está claro se a polícia de fronteira usou gás lacrimogêneo quando os imigrantes ainda estavam em território mexicano, o que poderia caracterizar uma violação da soberania territorial do país latino-americano. Mais de 40 imigrantes foram detidos do lado norte-americano da fronteira, e acredita-se que ninguém tenha conseguido avançar rumo ao interior da Califórnia, afirmaram autoridades dos EUA. Na carta, o governo mexicano reiterou seu compromisso de "continuar sempre protegendo os direitos humanos e a segurança das pessoas imigrantes". Ao mesmo tempo, destacou ser de interesse do país manter uma cooperação estreita com Washington para lidar com a migração. O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, agradeceu a Polícia Federal de seu país pelo trabalho em Tijuana e defendeu uma "migração ordenada" dos milhares de centro-americanos que atravessam o México com destino aos EUA. Por sua vez, o presidente norte-americano, Donald Trump, pediu ao México, via Twitter, que envie de volta a seus países de origem os imigrantes que tentam chegar ao território norte-americano, "por avião, por ônibus, por qualquer maneira que vocês quiserem". Trump também ameaçou fechar a fronteira permanentemente. No domingo, os EUA fecharam a passagem de fronteira de San Ysidro, no sul da Califórnia, por várias horas, para barrar as centenas que tentavam entrar nos EUA. Em declarações à imprensa, o presidente dos EUA defendeu o uso de gás lacrimogêneo para dispersar os imigrantes na fronteira e negou que o agente químico tenha sido usado contra crianças, como denunciaram organizações. As forças de segurança tiveram que usá-lo diante da "avalanche" de pessoas que tentavam entrar nos EUA, disse. "O importante é que ninguém vai entrar no nosso país a não ser que entre legalmente", reiterou. Após os incidentes do último domingo, o México anunciou que deportaria aqueles que tentaram atravessar ilegalmente a fronteira com os EUA em Tijuana. O Instituto Nacional de Migração afirmou nesta segunda-feira que 98 pessoas estavam sendo deportadas. Enquanto o governo mexicano diz que cerca de 500 pessoas tentaram violar a fronteira, autoridades norte-americanas falam em mais de mil. Após cruzarem o México numa caravana ao longo de semanas, pelo menos 4,7 mil imigrantes da América Central estão alojados num complexo esportivo de Tijuana, segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), o número chega a 7 mil imigrantes. A maioria vem de Honduras, El Salvador e Guatemala e busca refúgio nos EUA. Eles fogem da violência e da pobreza em seus países de origem. Devido ao afluxo de imigrantes, o governo de Tijuana declarou crise humanitária e pediu ajuda ao governo federal. O México vem negociando com os EUA um possível esquema para acolher os imigrantes enquanto seus pedidos de refúgio são analisados nos EUA.
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