Amorim disse ainda que, embora as eleições municipais deste ano e da agenda presidencial mais voltada para o interior do país, “o que não falta é um conflito por aí” e, portanto, os assuntos internacionais continuarão na pauta do dia.
Por Redação - de Brasília
Pouco mais de um ano depois de vencer a extrema direita nas eleições presidenciais e enfrentar uma tentativa de golpe de Estado, no 8 de Janeiro, setores estratégicos do Palácio do Planalto correm contra o tempo, na tentativa de estabelecer um ambiente respirável no comando das Forças Armadas. Ao mesmo tempo, mobiliza tropas nas fronteiras para garantir aos vizinhos a autoridade necessária do país para evitar que o Hemisfério Norte interfira, demasiadamente, nas discussões regionais.
Nesta terça-feira, o diplomata Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, comparou o cargo atual que ocupa depois de envergar o título de chanceler ao longo dos dois mandatos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao de "assessor para assuntos conflituosos”, em uma entrevista à mídia conservadora.
Amorim disse ainda que, embora as eleições municipais deste ano e da agenda presidencial mais voltada para o interior do país, “o que não falta é um conflito por aí” e, portanto, os assuntos internacionais continuarão na pauta do dia.
Palestina
Segundo o diplomata, as próximas viagens de Lula serão à Etiópia e ao Egito, onde a situação na Faixa de Gaza deverá ser discutida, o que coloca em evidência a decisão de o Brasil apoiar, na Corte Internacional de Justiça (CIJ), a abertura de um processo penal contra Israel, pelo genocídio em curso na Palestina.
— A Corte Internacional de Justiça (CIJ) é um foro legítimo para o exame das acusações sobre as ações do Estado de Israel que resultaram em milhares de mortes de cidadãos palestinos, principalmente mulheres e crianças. Temos a esperança que contribua para um cessar-fogo humanitário, que já deveria ter ocorrido — protestou.
Essequibo
A disputa territorial entre Venezuela e Guiana, por Essequibo, também consta na lista de conflitos, dessa vez em posição geográfica mais acessível. Amorim salientou a necessidade de uma solução regional, com a exclusão de interferências do Hemisfério Norte, incluindo Estados Unidos, Reino Unido e China.
— A questão entre Venezuela e Guiana deve ser resolvida na região. E, quando falo região, eu falo América Latina e Caribe. Apenas. Ninguém do hemisfério Norte. O que o hemisfério Norte tem que fazer é não atrapalhar. Já será uma grande contribuição — afirmou.
Apoio do STF
Tanto Amorim, no âmbito do Itamaraty, quanto os ministérios responsáveis pela negociação com o Legislativo e o Judiciário, seguem a orientação do presidente para “construir pontes”, conforme determinou, na direção de um horizonte mais pacífico. Um dos aliados de Lula nessa missão tem sido o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso.
O magistrado elogiou, na noite passada, a atuação do comandante do Exército, general Tomás Paiva. Segundo Barroso, Paiva está contribuindo para a "pacificação do país”. O elogio ocorreu durante a assinatura de um convênio com a corporação para instalação de uma usina fotovoltaica na Corte. Na avaliação de Barroso, Paiva vem desempenhando "papel importante" no comando do Exército.
— Estamos tendo a colaboração do Exército brasileiro, comandado pelo general Tomás Paiva, com grande eficiência, grande competência. Um homem que tem conseguido contribuir para a pacificação do país, que também é o projeto deste STF. Um país deve ser feito da bondade das pessoas independentemente das suas convicções — resumiu Barroso.