Apesar de falar que está aberto à negociação, o petista disse que não sabe se aceitaria outra taxa. “Quem é que compra essas coisas? São mulheres, a maioria, jovens, e tem muita bugiganga. Nem sei se essas bugigangas competem com coisas brasileiras, nem sei”, comentou. “Como você vai proibir pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo?”
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adiantou, quinta-feira, que a tendência do governo é de vetar a taxação para compras internacionais de até US$ 50, mas que está aberto a negociar sobre a pauta. A medida foi incluída no Projeto de Lei que regulamenta o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover). A iniciativa prevê incentivos para o setor automotivo.
De acordo com Lula, um encontro com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tratar do tema não foi marcado, mas ele está à disposição.
— A tendência é vetar, mas a tendência também pode ser negociar. Precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar uns prejudicando outros e fazer uma coisa uniforme. Estamos dispostos a negociar e encontrar uma saída — disse Lula a jornalistas, nesta manhã.
Medida
A taxação das compras internacionais de até US$ 50, que impacta sites asiáticos como Shein e Shopee, é defendida pelo presidente da Câmara. A expectativa é que o PT e o PL tentem derrubar a medida por meio de destaques após a votação do texto principal do Mover.
A declaração do petista ocorreu enquanto Lula esperava o presidente do Benin, Patrice Talon, chegar ao Palácio do Planalto, para um encontro bilateral. De acordo com o chefe do Executivo brasileiro, não estava previsto um encontro com Lira nesta quinta-feira.
— Mas se ele quiser conversar, depois (da agenda) do presidente do Benin, estou à disposição — pontuou.
Uniforme
Apesar de falar que está aberto à negociação, o petista disse que não sabe se aceitaria outra taxa. “Quem é que compra essas coisas? São mulheres, a maioria, jovens, e tem muita bugiganga. Nem sei se essas bugigangas competem com coisas brasileiras, nem sei”, comentou. “Como você vai proibir pessoas pobres, meninas e moças que querem comprar uma bugiganga, um negócio de cabelo?”
Lula disse, ainda, ter debatido o assunto com o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
— Quando discuti, eu falei com Alckmin: minha mulher compra, sua mulher compra, sua filha compra, todo mundo compra, a filha do Lira compra. Então precisamos tentar ver um jeito de não tentar ajudar uns prejudicando outros e fazer uma coisa uniforme — acrescentou.
Mensagem
Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) chegou a encaminhar mensagem aos parlamentares da base aliada, na véspera, para avisar que Lula fechou posição contra o fim da isenção para compras internacionais de até US$ 50. A medida estava prevista para ser votada na noite passada, mas não foi adiante.
“Prezados, informo que a prioridade do governo no Plenário (desta quarta-feira) é a votação e a aprovação do PL do Mover. Informo, também, que o presidente Lula me orientou a votar contrariamente à taxação das compras internacionais de até US$ 50 pelo e-commerce”, resume a mensagem enviada por Guimarães a grupos de WhatsApp.
A tributação das compras de até US$ 50, feitas em sites estrangeiros transformou-se em um cavalo-de-batalha não apenas nas redes sociais, mas também dividiu o setor privado e rachou as bancadas de parlamentares que atuam em defesa de interesses empresariais no Congresso.