Há pelo menos dois meses, integrantes do governo têm realizado reuniões semanais para tratar da seca e das queimadas. Dessa vez, diante do agravamento dos casos, o comando será de Lula.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião com governadores dos Estados atingidos por incêndios florestais para esta quarta-feira. O Palácio do Planalto confirmou o encontro, nesta manhã. Para o governo o aumento no número de queimadas, por ações criminosas, tornou-se uma questão nacional, sob suspeita de que as ações são coordenadas.
Há pelo menos dois meses, integrantes do governo têm realizado reuniões semanais para tratar da seca e das queimadas. Dessa vez, diante do agravamento dos casos, o comando será de Lula. Os ministérios do Meio Ambiente, Defesa, Justiça, Desenvolvimento Regional e Casa Civil estão mobilizados e tem prestado informações ao Planalto.
Ao todo, a Polícia Federal (PF) comanda 32 investigações sobre os incêndios em São Paulo e nos biomas da Amazônia e Pantanal, desde o ano passado. Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho; além das características próprias do período de estiagem em vários Estados brasileiros, há incêndios incomuns para esta época do ano.
— Fogo não pega. Fogo é colocado. No caso de São Paulo, foram muitos incêndios no mesmo momento. Pode ser coincidência, mas as imagens de satélites mostram vários focos na mesma hora — afirmou. Nesta manhã, o Ibama realizou uma reunião com as secretarias de meio ambiente dos Estados atingidos.
Segurança
Lula aproveita a presença dos governadores de Estados atingidos pelo chamado ‘Dia do Fogo’, uma ação criminosa coordenada por facções criminosas, em todo o país, para convidar os demais gestores dos 27 Estados à reunião desta quarta-feira.
Na véspera, o presidente afirmou em reunião com líderes da base aliada, na Câmara, que chamaria todos os governadores ao Planalto para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
A iniciativa prevê a ampliação das funções da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF); além da inclusão do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) na Constituição.
Avaliação
A Segurança Pública é considerada uma área de maior competência de Estados e municípios, mas o Planalto acredita que uma má performance afeta a popularidade do governo federal. As reuniões com os governadores têm como objetivo ouvi-los sobre o tema e fechar as discussões sobre a PEC, que já foi criticada por tirar autonomia dos Estados.
O presidente quer passar a mensagem de que pode cooperar com a bancada dos Estados, inclusive os governados por bolsonaristas. A PEC da Segurança Pública é a principal aposta do governo para melhorar a avaliação da opinião pública sobre o tema.
Pesquisas encomendadas pelo Planalto mostram que segurança é a área com pior avaliação do governo Lula, com apenas 27 % dos entrevistados avaliando a gestão positivamente.
Eleições
Ainda na reunião ocorrida na véspera, com líderes partidários da base de apoio ao governo e representantes de bancadas da Câmara, o presidente aproveitou para fazer um balanço das votações e do andamento da pauta legislativa no Congresso.
Na ocasião, o presidente afirmou que não se envolverá nas eleições para a Mesa Diretora da Câmara, em fevereiro do ano que vem, que vai definir o novo presidente da Casa pelos próximos dois anos. A informação é do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
— (O presidente) afirmou que os três candidatos, todos eles, têm o apreço, por parte do governo, e que não iria opinar sobre um ou outro candidato. Essa foi uma novidade que ele colocou, a despeito das narrativas e versões que são criadas ou constituídas sobre este ou aquele candidato — concluiu Guimarães.