Entre as medidas em avaliação, estariam a limitação de exportações por cotas e a redução da tarifa de importações de alimentos, com as quais Fávaro e sua equipe técnica discordam. Por lealdade ao presidente, Fávaro não faria críticas, mas cogitaria a opção de entregar o cargo.
Por Redação – de Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para uma reunião na manhã desta sexta-feira, após chegar ao Palácio do Planalto a informação de que o senador licenciado do PSD cogitou deixar a pasta por insatisfação com a ideia de o governo eventualmente recorrer a medidas heterodoxas para combater a inflação de alimentos.

Entre as medidas em avaliação, estariam a limitação de exportações por cotas e a redução da tarifa de importações de alimentos, com as quais Fávaro e sua equipe técnica discordam. Por lealdade ao presidente, Fávaro não faria críticas, mas cogitaria a opção de entregar o cargo. Procurado, o ministro negou que vá deixar o posto.
As medidas para o enfrentamento da inflação de alimentos serão deliberadas pelo governo após o carnaval, e podem ser decisivas para o futuro do ministro na pasta. Três reuniões sobre o tema, que envolveram a Casa Civil, já foram realizadas no gabinete presidencial.
Em análise
Cientes do descontentamento de Fávaro, líderes do agronegócio têm ligado ao ministro para demovê-lo da eventual ideia de deixar o ministério. Fávaro, no entanto, é considerado um ministro leal ao governo Lula, mas vê a taxação a exportações como um limite para sua permanência no Executivo. O ministro já alertou seus padrinhos políticos sobre a incerteza à frente do cargo.
Está nos planos do governo zerar temporariamente o imposto de importação de todos os óleos vegetais, segundo apurou a mídia conservadora. A medida inclui óleos de soja, milho, girassol, canola e palma. A proposta está em análise no âmbito do grupo interministerial que discute medidas para redução dos preços dos alimentos.
A proposta foi apresentada na véspera pela indústria de óleos vegetais ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, após o governo pedir um aceno do agronegócio com entregas concretas das empresas para ajudar na redução do preço do óleo de cozinha, sobretudo de soja. O pedido do governo foi feito em reunião com representantes da indústria processadora de soja e de biodiesel.
Mercosul
Apesar da proposta incluir toda a cadeia de óleos vegetais, o foco principal é o óleo de soja. Atualmente, o ingrediente é importado de países do Mercosul e internalizado sem imposto de importação, advindo sobretudo da Argentina e do Paraguai. Para produto importado de fora do bloco, incide tarifa de 9% sobre o óleo de soja bruto e de 10% sobre o óleo de soja refinado envasado.
A proposta da indústria é zerar temporariamente a Tarifa Externa Comum (TEC) para todas as origens e óleos vegetais. Para tal, o produto precisaria ser incluído na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec), o que depende de deliberação da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
A ideia, segundo pessoas da indústria, é gerar competição no mercado de óleos vegetais. De acordo com fontes, os preços internos estão em paridade com os preços externos, mas mesmo assim a medida “deve ajudar o mercado”.