Segunda, 07 de Fevereiro de 2022 às 10:25, por: CdB
O presidente da Câmara dos Deputados, Aguila Saleh, informou que os parlamentares ratificaram o "roteiro" para o calendário eleitoral criado por 10 deputados em uma comissão especial instaurada no dia 1º de fevereiro.
Por Redação, com ANSA - de Beirute
Em meio ao caos político que se arrasta há meses, o Parlamento da Líbia aprovou uma resolução nesta segunda-feira que prevê que só serão realizadas as eleições legislativas e presidenciais "14 meses após a aprovação das modificações da Declaração Constitucional", informou a agência estatal Lana.
O presidente da Câmara dos Deputados, Aguila Saleh, informou que os parlamentares ratificaram o "roteiro" para o calendário eleitoral criado por 10 deputados em uma comissão especial instaurada no dia 1º de fevereiro. O grupo conta com membros do Parlamento de Tobruk, liderados pelos aliados do marechal Khalifa Haftar, e com representantes do Conselho de Estado de Trípoli, que é reconhecido internacionalmente.
As eleições presidenciais na Líbia, país dilacerado por um conflito interno desde 2011, deveriam ter ocorrido no dia 24 de dezembro e as legislativas um mês depois, mas foram adiadas por conta de problemas entre os dois lados do conflito.
Alguns nomes de candidatos haviam até sido anunciados, como o do próprio Haftar, do premiê Abdelhamid Dbeibah, que tinha se comprometido a não concorrer à Presidência, e de um dos filhos do ditador Muammar Kadafi, Saif, que até chegou a ter a candidatura rejeitada. No entanto, o processo foi suspenso.
Novo premiê
Saleh ainda anunciou que na próxima sexta-feira, o Parlamento fará uma sessão para dar um voto de confiança a um novo primeiro-ministro interino.
Apesar de não haver uma base legal para a troca, os parlamentares afirmam que o governo de Dbeibah foi encerrado em 24 de dezembro, quando deveria haver a disputa eleitoral. Saleh, que segundo a mídia regional também tem intenção de concorrer à Presidência, informou que há acordo para uma nova eleição tanto em Tobruk - que já havia dado um voto de desconfiança contra o premiê, como em Trípoli.
Das sete candidaturas apresentadas para o cargo, apenas duas foram consideradas "idôneas" por uma comissão parlamentar: uma é do ex-ministro do Interior, Fathi Bashagha, e a outra é do político Khaled Amer Bashid al-Bibas. O primeiro, inclusive, prometeu não concorrer à Presidência caso assuma a chefia do governo interino.
Crise líbia
A guerra civil na Líbia entre forças oficiais e grupos de milícias chamados de "Exército Nacional" começou em 2011 após Kadafi ser deposto.
Enquanto os primeiros receberam apoio da comunidade internacional, os segundos foram liderados por Haftar, que era aliado do ditador até o fim da década de 1980 e o homem forte por trás do Parlamento de Tobruk.
Em 2019, o marechal fez uma incursão para derrubar o governo de Trípoli, reconhecido inclusive pelas Nações Unidas, e reunificar a Líbia. Porém, como fracassou, precisou assinar um termo de "cessar-fogo" em outubro de 2020.
Desde março, o país era comandado por Dbeibah, que tinha como principal missão organizar as eleições de dezembro, algo que fracassou por desavenças entre os diversos grupos políticos.