Os últimos números divulgados mostram um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões, uma dívida bruta de R$ 38,3 bilhões e um patrimônio líquido negativo de R$ 31,2 bilhões, referentes ao acumulado dos três primeiros trimestres de 2023.
Por Redação - do Rio de Janeiro
A varejista Lojas Americanas informou, nesta segunda-feira, o tamanho de sua crise após a descoberta de uma fraude bilionária há mais de um ano. E, ainda nesta manhã, a Justiça fluminense homologou o plano de recuperação judicial (PRJ) já aprovado pela maioria dos credores, em dezembro último.
Os últimos números divulgados mostram um prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões, uma dívida bruta de R$ 38,3 bilhões e um patrimônio líquido negativo de R$ 31,2 bilhões, referentes ao acumulado dos três primeiros trimestres de 2023. No final de 2022, o patrimônio líquido negativo somava R$ 26,7 bilhões, ou seja, aumentou R$ 4,5 bilhões em nove meses (variação de 16,85%).
Já o prejuízo líquido dos nove meses de 2023 (R$ 4,6 bilhões) caiu 23,5% em relação ao mesmo período de 2022 (R$ 6,027 bilhões), segundo informado no balanço. A empresa também registrou crescimento da margem bruta de 11,1 pontos percentuais, para 27,7% ao final de setembro de 2023 (ante 16,6% um ano antes). As ações da empresa subiam 3,85% às 11h37 em São Paulo, para R$ 0,54.
Rombo
No ano passado, a empresa havia divulgado ao mercado a previsão de apresentar um patrimônio líquido positivo em 2025, cenário ainda considerado incerto por analistas. A empresa havia reportado na época um prejuízo líquido de R$ 19 bilhões no acumulado de dois anos (2022 e 2021). E o rombo contábil tinha sido estimada em R$ 25,3 bilhões, acima dos R$ 20 bilhões inicialmente divulgados.
O resultado negativo foi influenciado pela queda nas vendas, o que afetou principalmente as operações digitais. A receita líquida consolidada da Americanas caiu 45,1% na comparação entre os primeiros nove meses de 2023 com os de 2022, totalizando R$ 10,3 bilhões. O varejo digital teve a maior queda (-79,2%), seguido pela fintech AME (-63,8%) e pelo varejo físico (-18,8%).
A operação digital da companhia, na qual o ticket médio é mais alto, registrou queda de 77% no volume total vendido entre janeiro e setembro, na comparação anual. O volume bruto de mercadorias (GMV) encolheu de R$ 20,9 bilhões (nove primeiros meses de 2022) para R$ 4,8 bilhões no mesmo período de 2023.
Balanço
“A plataforma digital foi a que mais sofreu com uma significativa queda de vendas, resultado do choque de confiança dos consumidores e da estratégia adotada pela companhia de reduzir exposição a negócios com elevado consumo de caixa”, admitiu a varejista no balanço, em referência à redução de sellers (vendedores terceiros na plataforma) e de fornecedores.
A venda do estoque próprio (o chamado 1P), nos três primeiros trimestres deste ano, teve uma queda de 86%, enquanto a do markeplace (3P, venda de estoque de terceiros) caiu 70,8%. “Com o objetivo de aumentar a rentabilidade, adotamos a estratégia de desidratar nosso 1P, migrando categorias relevantes para o 3P”, justificou a companhia.
Em relatório, a companhia, que tem o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, da 3G Capital, como principais acionistas, admitiu que “ainda há muito o que fazer, muito a reconstruir e não será um caminho fácil” para a recuperação do grupo varejista.