Segunda, 18 de Fevereiro de 2019 às 11:37, por: CdB
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o jovem caminhou dentro do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital durante a sessão de fisioterapia.
Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro
O atleta Jhonata Ventura, um dos três sobreviventes do incêndio que matou 10 jovens no Centro de Treinamento do Flamengo, no último dia 8, começou a andar no Hospital Municipal Pedro II, onde está internado. Entre os que sobreviveram, Jhonata foi o que teve ferimentos mais graves, com queimaduras em mais de 30% do corpo.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o jovem caminhou dentro do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do hospital durante a sessão de fisioterapia.
Ainda de acordo com a secretaria, ele está apresentando boa evolução, com quadro de saúde estável e respirando sem ajuda de aparelhos. Jhonata continua usando antibiótico e progredindo de forma gradativa à aceitação da dieta oral.
Ele tem lesões com áreas já cicatrizando, apesar de a maior parte ainda apresentar feridas profundas e teve melhora significativa das queimaduras no rosto e nas costas. Os outros dois sobreviventes, Cauan Emanuel e Francisco Dyogo, que tiveram ferimentos mais leves, receberam alta hospitalar.
Fiscalizados e interditados
Após a tragédia no Ninho do Urubu, as autoridades passaram a se preocupar com a situação dos centros de treinamento de outros clubes brasileiros. Na última sexta-feira, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro recomendou a interdição do Ninho do Urubu, em Vargem Grande (Barra da Tijuca) na Zona Oeste do Rio.
A interdição foi inicialmente pedida em 2017, mas não foi cumprida. Segundo o Ministério Público, o local só deve voltar a funcionar após cumprimento de exigências do Corpo de Bombeiros. O MP ameaça entrar na Justiça para interromper o uso das instalações do CT Jorge Helal, como é oficialmente chamado o Ninho do Urubu.
Três dias após a tragédia, um princípio de incêndio atingiu o alojamento da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), na Universidade da Força Aérea (UNIFA), no bairro da Sulacap, também zona oeste da capital fluminense. No momento em que houve o incidente, atletas do time sub-20 do Bangu repousavam. Por terem inalado fumaça, sete jogadores e um membro da comissão técnica receberam atendimento médico.
Vasco da Gama
Um dia antes da manifestação do Ministério Público contra o Flamengo, a prefeitura do Rio de Janeiro pediu a interdição do CT do Vasco da Gama em Vargem Pequena, na mesma região da cidade. A ordem de interdição foi entregue pela 5ª Gerência Regional de Licenciamento e Fiscalização do município.
O clube transferiu os treinamentos para o Estádio São Januário e cobrou a definição de um prazo para “adequação às demandas do órgão, sem a necessidade de impedimento de uso do local”. O clube informou que o CT das Vargens é usado apenas como local de treinamento e não há alojamento para os atletas.
Portuguesa
Na última quinta-feira, a prefeitura de São Paulo interditou parte do CT da Associação Portuguesa Desportos, por falta de segurança nas instalações. Foram interditados os blocos onde funcionam a lavanderia e os vestiários do CT, localizado na Rodovia Ayrton Senna. Os alojamentos do local estão desativados.
A prefeitura de São Paulo notificou os clubes sobre a obrigatoriedade de manter todos os alojamentos dentro das condições adequadas. Também recomendou que as agremiações suspendessem imediatamente a utilização dos alojamentos caso não estivessem regularizados. Devem ser vistoriados os CTs do Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Nacional, Juventus e da Federação Paulista de Futebol.
Campanha
O ex-goleiro Getúlio Vargas Freitas de Oliveira Jr. está convocando jogadores, parentes e amigos de atletas de futebol e outras modalidades de esporte a enviarem fotos e vídeos que mostrem as condições de alojamentos nos clubes. “De repente alguém resolve fazer alguma coisa”, disse o atleta que já jogou no Flamengo (2002-2006), na Alemanha, em Portugal e na África do Sul.
As imagens estão sendo enviadas via WhatsApp (21 9673 30593) e exibidas no Instagram.
Até o fechamento dessa reportagem, havia fotos e vídeos de dormitórios superlotados (30 pessoas em três quartos com dois banheiros); com colchão estendido sobre o chão; aparelhos elétricos ligados em tomadas sobrecarregadas; chuveiros elétricos com água escorrendo nos fios; banheiros imundos; bebedouro enferrujado, além de cozinhas sujas.
– O que eu tenho a falar sobre [as divisões de] base é a experiência que eu passei – disse antes de descrever situações “precárias, ridículas e bizarras”, até em clubes de alto nível. Para o ex-goleiro, há alojamentos “em condições horríveis, terríveis ou perigosas” que colocam em risco muitos atletas.
Segundo Getúlio Vargas, as situações retratadas são “muito mais comuns do que vocês pensam”, com arranjos clandestinos, gambiarras ou “gatilhos” assemelhados ao que existem em periferias e favelas das cidades. “É igual lugar que a gente vive”, lamentou.