O mandato de Johnson se inicia em uma das conjunturas mais delicadas da história britânica pós-guerra.
Por Redação, com Reuters - de Londres
Boris Johnson tomou posse como novo primeiro-ministro do Reino Unido nesta quarta-feira e revelará os integrantes da equipe que o ajudará a concluir o processo do Brexit até 31 de outubro, com ou sem acordo com a União Europeia.
O mandato de Johnson se inicia em uma das conjunturas mais delicadas da história britânica pós-guerra: o Reino Unido está dividido em relação ao Brexit e enfraquecido por uma crise política de três anos desde o referendo que decidiu pela saída da UE.
Sob promessa de revigorar o Reino Unido e concluir o Brexit em 31 de outubro, o novo premiê prepara os britânicos para um confronto com o bloco, direcionando para uma potencial crise constitucional ou eleição.
– Como um gigante adormecido, vamos nos erguer e tirar as amarras de insegurança e negatividade – disse Johnson, de 55 anos, depois de ser eleito por membros do Partido Conservador.
Esta quarta-feira irá combinar formalidades políticas tradicionais com a nova formação do governo a partir de nomeações que provavelmente serão voltadas para defensores do Brexit.
Johnson terá uma audiência com a rainha Elizabeth, que pedirá a ele que forme a nova administração.
Economia
Boris Johnson, herdará uma economia que pode estar caminhando para uma desaceleração ou mesmo recessão, enfraquecendo suas armas em uma batalha que o país enfrentará para deixar a União Europeia.
Tendo desafiado as previsões de uma recessão após o choque do Reino Unido ter votado para deixar a UE em 2016, a quinta maior economia do mundo está emitindo sinais de alerta sob o peso da incerteza sobre o Brexit e uma desaceleração global.
Dados que serão divulgados no dia 9 de agosto, pouco mais de quinze dias após o início do mandato de Johnson como primeiro-ministro, podem mostrar que a produção econômica encolheu no segundo semestre pela primeira vez desde 2012.
Uma grande parte da fraqueza é provavelmente temporária: empresas correram no início de 2019 para se preparar para o fim do primeiro prazo do Brexit em março, antecipando trabalhos, enquanto as montadoras fecharam suas portas como o de costume em abril, também para evitar o caos do Brexit.
A desaceleração
Mas a desaceleração em muitos setores piorou com o segundo trimestre, com o prazo do Brexit adiado para 31 de outubro, segundo Índices de Gerentes de Compras.
“As pesquisas foram particularmente fracas em junho, sugerindo que o ritmo de crescimento deve permanecer fraco”, alertou o Escritório Britânico de Responsabilidade Orçamentária (OBR) na semana passada. “Isso aumenta o risco de que a economia esteja entrando em uma recessão completa.”
Também houve sinais de enfraquecimento do “boom” de empregos que cortou o desemprego ao nível mais baixo desde 1975 e aumentou os salários no processo.
– Olhando para o primeiro semestre do ano, na minha opinião, o crescimento do Reino Unido está atualmente abaixo do seu potencial, e depende da resiliência dos gastos das famílias – disse o presidente do banco central britânico, Mark Carney, este mês.
Christian Schulz, economista do Citi, disse que uma economia mais fraca poderia aumentar as preocupações dos eleitores sobre o Brexit e fortalecer a decisão do parlamento de resistir a um Brexit sem acordo.
– Isso reduzirá qualquer influência que o próximo primeiro-ministro possa ter para forçar a UE a fazer concessões – disse ele em nota a clientes este mês.