Entre 1º de janeiro e 13 de março de 2023, o país europeu já recebeu 20 mil deslocados internacionais por via marítima, 225% a mais que no mesmo período do ano passado, de acordo com o Ministério do Interior.
Por Redação, com ANSA - de Roma
O governo da Itália culpou nesta segunda-feira o grupo de mercenários russos Wagner pela explosão dos fluxos migratórios no Mar Mediterrâneo.
Entre 1º de janeiro e 13 de março de 2023, o país europeu já recebeu 20 mil deslocados internacionais por via marítima, 225% a mais que no mesmo período do ano passado, de acordo com o Ministério do Interior.
"Parece-me que agora já é possível afirmar que o aumento exponencial do fenômeno migratório que parte das costas africanas seja também, em medida não indiferente, parte de uma estratégia clara de guerra híbrida que a divisão Wagner, mercenários pagos pela Rússia, está implementando, utilizando seu peso relevante em alguns países da África", afirmou o ministro da Defesa da Itália, Guido Crosetto.
Já o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, demonstrou "preocupação" com o fato de que "muitos migrantes cheguem de áreas controladas pelo grupo Wagner". "Não gostaria que isso fosse uma tentativa de empurrar migrantes para a Itália", acrescentou o chanceler durante uma visita a Jerusalém.
O Wagner é um grupo paramilitar tido como exército privado do regime de Vladimir Putin e vem tendo papel de destaque na invasão à Ucrânia, mas também atua em países como a Líbia, principal vetor dos fluxos migratórios rumo à Itália, o Mali e a República Centro-Africana.
Nações de origem dos imigrantes
Ainda segundo o Ministério do Interior, as principais nações de origem dos imigrantes do Mediterrâneo são Costa do Marfim (2.383) e Guiné (2.334), na África Subsaariana; Bangladesh (1.506), na Ásia; Tunísia (1.286), no norte da África; e Paquistão (1.166), também no continente asiático.
A Líbia não aparece nessa lista, mas é o principal ponto de partida das "viagens da morte" organizadas por traficantes de seres humanos. A maior parte do litoral líbio é controlada pelas forças leais ao general Khalifa Haftar, que conta com apoio da Rússia e do Grupo Wagner.
A crise migratória voltou a ganhar destaque no fim de fevereiro, quando o naufrágio de um barco proveniente da Turquia deixou pelo menos 79 mortos no litoral da cidade italiana de Cutro.