Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2024

Investidores alertam para risco iminente de colapso no sistema financeiro

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Sexta, 20 de Novembro de 2020 às 13:44, por: CdB

A proporção das responsabilidades financeiras das empresas públicas em relação aos ativos está no máximo dos últimos 20 anos, embora as ações subam, revela o relatório do Federal Reserve (Fed na sigla em inglês, Banco Central dos EUA), divulgado nesta sexta-feira.

Por Redação, com Sputniknews - de Nova York, NY-EUA
Caso os EUA venham a enfrentar uma onda de inadimplência e a queda maciça nos preços dos ativos, o Brasil estará na linha de tiro do que se configura uma crise pior do que aquela de 2008, segundo comentário do megainvestidor Jim Rogers, antigo associado do bilionário George Soros. Para lidar com a baixa receita, as empresas se envidaram muito além do que deveriam, o que tende a resultar em consequências graves.
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O eterno confronto entre a menina destemida e o touro do mercado financeiro, em Wall Street, passa agora por um desfecho complicado
A proporção das responsabilidades financeiras das empresas públicas em relação aos ativos está no máximo dos últimos 20 anos, embora as ações subam, revela o relatório do Federal Reserve (Fed na sigla em inglês, uma espécie de Banco Central dos EUA), divulgado nesta sexta-feira. Nos últimos seis meses, as empresas norte-americanas têm crescido rapidamente em valor, devido à atividade dos investidores e às medidas de apoio econômicos do Estado no âmbito da luta contra a pandemia. Antes das eleições presidenciais, o mercado de ações caiu por conta da incerteza política. No entanto, depois da notícia sobre os testes bem-sucedidos da vacina Pfizer, os índices da bolsa de valores subiram rapidamente.

Muitas dívidas

O Fed, no relatório, alerta que o mercado financeiro está à beira de um colapso e um novo naufrágio da economia norte-americana poderá ocorrer a qualquer momento. O Banco enfatiza, ainda, que o agravamento da situação foi evitado, por hora, devido à injeção de dinheiro, entre "outras ações tomadas para apoiar a economia”. Se a pandemia durar mais tempo do que o esperado, especialmente no caso de atraso na produção ou distribuição da vacina, haverá grandes problemas. O maior risco é entrar em novo lockdown, com o fechamento de empresas e cortes maciços de empregos. Para o Federal Reserve, preocupam as grandes dívidas corporativas, que foram contraídas quando as empresas tentaram sobreviver à queda das receitas e à redução da atividade econômica. Atualmente nos EUA, a proporção da dívida das empresas públicas em relação a seus ativos está no máximo de 20 anos.

Alta pressão

O setor dos seguros, ponto crítico no sistema financeiro norte-americano, endividou-se a um nível nunca antes visto desde a crise financeira de 2008. O mercado de imóveis comerciais sofreu significativamente, devido às restrições para controlar a covid-19. Todas as esperanças estão agora depositadas na vacinação em massa, ainda no final deste ano. "Caso contrário, a recuperação inicial falhará, o que colocará pressão sobre os mercados financeiros", de acordo com o relatório de novembro do Fed. "A combinação de grandes créditos no setor empresarial não financeiro com rendibilidade baixa contínua pode causar uma onda de inadimplência e queda dos preços dos ativos”, acrescenta o documento. De acordo com os dados do Fed, as obrigações de dívida do grau de investimento são "quase um recorde": US$ 2,25 trilhões (R$ 12 trilhões) ou 35% do valor total dos títulos das empresas. Nesta situação, o risco da colapso do mercado acionário é muito alto, destaca o Fed.

Riscos

Ainda segundo o Fed, as tensões entre os EUA e a China, a incerteza geopolítica, junto aos preços demasiado altos dos ativos, podem causar um grande choque. "Isso diminuirá a vontade dos investidores de assumir riscos em geral", de acordo com o relatório do Fed. Como resultado, a queda dos índices bolsistas tende a ser muito drástica. O possível aumento das taxas de juros de referência também influencia nos cálculos dos economistas. Com o fim do ciclo de flexibilização da política monetária, os mercados e a indústria, acostumados ao dinheiro barato, enfrentarão grandes problemas.

Vacinas

Em março deste ano, pouco antes da pandemia, os mercados de ações dos EUA sofreram a maior queda desde 1987. Os índices Dow Jones, S&P 500 e NASDAQ caíram 10%, a maior redução em 33 anos. Bill Ackman, fundador do fundo multimercado Pershing Squar, tem a certeza de que, apesar das notícias sobre a vacina, os governos terão que voltar às quarentenas e aos lockdowns, muitas empresas falirão. Os próximos meses serão os mais difíceis. A queda da bolsa de valores também é prevista por Jim Rogers. As medidas de combate à pandemia prejudicaram a situação ainda mais, segundo o investidor. Agora as empresas têm grandes dívidas, exigindo crescente apoio por parte dos bancos centrais.

Cenários

Existem apenas dois cenários, segundo o investidor: inadimplência em massa e (ou) desvalorizações monetárias em grande escala dos países devedores. Nos EUA, o iminente colapso do mercado de ações, caso ocorra, será o mais grave desde os tempos da Grande Depressão. Um dos aceleradores da queda em Wall Street pode ser a situação com as vacinas. Já existem dúvidas quanto à sua segurança e eficácia, dado que um dos voluntários que havia tomado a vacina da empresa farmacêutica sueco-britânica AstraZeneca faleceu recentemente.
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