De acordo com os pesquisadores, os compradores e vendedores de pedofilia utilizavam o recurso de mensagens diretas. Além disso, os algoritmos de recomendação aumentavam a eficácia de anúncios.
Por Redação, com Brasil de Fato - de Brasília
A empresa Meta investiga se o Instagram tem facilitado a disseminação e venda de pornografia infantil. A iniciativa ocorre após publicação de relatório pelo Observatório da Internet de Stanford, da Universidade Stanford, revelando existência de redes de pedofilia na rede social. De acordo com o estudo, o Instagram não tomou medidas para impedir a circulação do conteúdo criminoso em suas páginas. A Meta é dona do Instagram e do Facebook.
De acordo com os pesquisadores, os compradores e vendedores de pedofilia utilizavam o recurso de mensagens diretas. Além disso, os algoritmos de recomendação aumentavam a eficácia de anúncios. O estudo mostra que, devido ao uso generalizado de hashtags, à falta de remoção de contas e, especialmente, ao algoritmo de recomendação eficiente, o Instagram tornou-se o principal meio de veiculação do conteúdo criminoso.
Crimes em rede
A pesquisa ilustra mais uma vez a falta de cuidado das empresas de internet para detectar e prevenir disseminação de crimes. Especialistas destacam o aumento significativo do abuso de imagens íntimas, conhecido como “vingança pornô”, durante a pandemia. A prática é tipificada no Brasil como ilícita.
Falhas como essas levam a sociedade civil a pressionar o poder público por um controle mais eficiente das plataformas. Um dos passos importantes seria a aprovação do Projeto de Lei das Fake News, que responsabilizam as empresas pela falta de ação contra conteúdos criminosos.
O jornal inglês The Guardian divulgou em abril investigação de dois anos que revelou que o Facebook e o Instagram tornaram-se grandes plataformas para o tráfico sexual infantil.
Até 2021, a Meta tinha planos de lançar uma versão separada do Instagram voltada especificamente para crianças menores de 13 anos. Naquele ano, legisladores dos Estados Unidos questionaram o chefe da plataforma, Adam Mosseri. Inicialmente, o Estado norte-americano investigou documentos vazados pela denunciante Frances Haugen. Esses relatórios mostraram que o Instagram é prejudicial para uma parcela significativa de jovens usuários, especialmente para as adolescentes do sexo feminino.
Ações internas
A Meta diz que conseguiu desmantelar 27 redes abusivas entre 2020 e 2022. Além disso, argumenta que em janeiro deste ano desativaram mais de 490 mil contas por violação de políticas de segurança infantil. Contudo, a empresa não esconde insatisfação com cobranças estatais sobre o tema. No Brasil, a Meta está aliada com a extrema direita contra o PL das Fake News. A empresa, junto de parlamentares ligados ao bolsonarismo, defendem a liberdade plena nestes ambientes.
O porta-voz da Meta, Andy Stone, afirmou em comunicado que a exploração infantil é um crime horrível e ressaltou que a empresa trabalha de forma agressiva para combater o problema em suas plataformas, além de apoiar esforços da aplicação da lei para prender e processar responsáveis criminosos.
Twitter, Telegram e Discord
O relatório da Universidade Stanford revela, ainda, que outras plataformas de tecnologia também enfrentam o problema. Contas que promovem material de abuso sexual infantil são prevalentes no Twitter, embora a plataforma de Elon Musk pareça estar adotando medidas mais agressivas para derrubar esses perfis. O relatório ainda aponta que algumas das contas do Instagram anunciavam links para grupos no Telegram e Discord, alguns dos quais pareciam ser gerenciados por vendedores individuais.