E se a ligação da Itália com clubes como Palmeiras, Cruzeiro e Juventus já é bastante conhecida, a influência dos imigrantes vai muito além e está presente em times que não costumam ser associados ao "Belpaese".
Por Redação, com ANSA - de Brasília
O Brasil inicia nesta quarta-feira as celebrações pelos 150 anos da imigração italiana, processo que durou até meados do século XX e deixou profundas marcas não apenas na sociedade, cultura e gastronomia, mas também no esporte mais amado do país, o futebol.
E se a ligação da Itália com clubes como Palmeiras, Cruzeiro e Juventus já é bastante conhecida, a influência dos imigrantes vai muito além e está presente em times que não costumam ser associados ao "Belpaese".
É o caso do Corinthians, arquirrival do Palmeiras e que teve 13 italianos entre seus fundadores em 1910, no bairro paulistano do Bom Retiro, onde a população era predominantemente imigrante nas duas primeiras décadas do século passado.
Hoje o mais popular de São Paulo, o time foi criado por grupos sociais marginalizados em um esporte então reservado às elites, como operários e imigrantes, e seus dois primeiros presidentes eram italianos: o alfaiate Miguel Battaglia e o fundidor Alexandre Magnani. Também era da Itália o autor do primeiro gol na história do alvinegro paulista, Luigi Fabbi, um imigrante de San Secondo Parmense, na Emilia-Romagna.
O Corinthians, no entanto, nunca propagou essa "italianidade", que quatro anos depois apareceria na fundação do Palestra Itália, o atual Palmeiras.
– O fato de haver alguns elementos italianos na origem de um clube não quer dizer necessariamente que ele represente o sentimento de italianidade. Ele (Corinthians) não foi uma instituição representativa da identidade e cultura italiana, como os outros clubes fundados por imigrantes. Esse é o ponto central que os distinguem – disse à agência italiana de notícias ANSA o historiador Fernando Galuppo.
– O Corinthians escolheu um nome de uma agremiação inglesa, suas cores e símbolos não remetem ou fazem qualquer referência à Itália e não possuem vínculos identitários com a comunidade italiana – acrescentou.
Serra Gaúcha
Na contramão do alvinegro, o Juventude, clube centenário de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, lançou até uma camisa para celebrar a influência da colonização italiana na região, em homenagem aos 150 anos da imigração.
Batizado como "Imigrantes", o uniforme tem uma textura que simula o linho e carrega a frase "desistir jamais", que representa a luta dos expatriados que tentaram a sorte no Brasil.
De volta a São Paulo, Galuppo listou uma série de clubes fundados com a ajuda de famílias italianas, como Associação Atlética das Palmeiras (Salerno), Sport Club Internacional (Facchini e Postiglioni), Paulistano (Stilitano) e São Paulo Railway (Fornasari).
– Os italianos se destacaram pelo seu espírito expansivo, comunicativo, passional, conquistador e artístico. A comunidade se adaptou à realidade de um novo país sem abrir mão de seus valores e particularidades, os quais são lembrados e mantidos com orgulho singular por netos e bisnetos daqueles que foram pioneiros – concluiu o historiador.