A argelina esteve no centro de um caso internacional sobre seu direito de participar do torneio de boxe feminino das Olimpíadas devido a uma controvérsia sobre gênero, liderada por conservadores da extrema-direita.
Por Redação, com ANSA – de Paris
As autoridades francesas abriram uma investigação após a boxeadora argelina Imane Khelif, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris, apresentar uma denúncia de ciberbullying.
Segundo a revista norte-americana Variety, o bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X, e a escritora britânica JK Rowling, autora da saga Harry Potter, são citados na queixa.
Além deles, há rumores de que o ex-presidente dos EUA e candidato republicano Donald Trump também poderá ser processado.
– Os primeiros autores do cyberbullying contra Imane Khelif são personalidades políticas e figuras públicas que utilizaram as suas contas nas plataformas sociais nesta campanha contra a minha cliente – afirmou o advogado da campeã olímpica, Nabil Boudi.
A argelina esteve no centro de um caso internacional sobre seu direito de participar do torneio de boxe feminino das Olimpíadas devido a uma controvérsia sobre gênero, liderada por conservadores da extrema-direita.
Em declaração a um dos principais jornais argelinos, El Watan, o advogado da atleta comentou o caso, mas não se referiu aos nomes denunciados no tribunal da capital francesa.
– As provas do ataque online contra Khelif são principalmente as publicações nas diversas redes sociais, com conteúdo detalhado e repetido, como os ataques ao seu físico, ao seu gênero, contra sua nacionalidade, sua imagem em geral e qualidade como mulher. O que minha cliente sofreu é indiscutível – acrescentou Boudi.
O advogado destacou ainda que o conteúdo é “agressivo, misógino e racista e a grande maioria dos ataques veio do exterior”.
– Nosso objetivo é defender a honra de Khelif – concluiu.
A pugilista de 25 anos foi protagonista involuntária de uma das maiores polêmicas dos Jogos de 2024 devido ao seu hiperandrogenismo.
A luta
O caso que girou em torno da argelina começou após o sorteio que colocou a italiana Angela Carini e Khelif frente a frente nas oitavas de final. Diversos ministros do governo italiano criticaram a luta e colocaram em dúvida o fato de a argelina ser mulher.
O vice-premiê e ministro da Infraestrutura, Matteo Salvini, chegou a chamar Khelif de “homem”, enquanto a própria Meloni disse que o combate não se daria entre “iguais”. Carini acabou desistindo da luta em menos de um minuto, após ter levado um soco no nariz.
No entanto, o episódio desencadeou uma onda de ataques a Khelif por parte da extrema direita global, inclusive com o endosso de Musk e de Rowling.