Prigojin fez duras críticas nos últimos dias aos líderes do Exército e ao governo russo, ameaçando retirar suas tropas da região. Na sexta, ele gravou um vídeo cercado de cadáveres estendidos em um gramado para alertar sobre as baixas sofridas pelo grupo definidas por ele como "sem sentido" e "injustificadas".
Por Redação, com agências internacionais - de Moscou
O fundador do grupo paramilitar russo Wagner, Ievguêni Prigojin, afirmou neste domingo ter recebido a promessa do Exército de seu país de que receberá mais munições e armamentos. Antes, ele havia ameaçado retirar suas forças da cidade de Bakhmut, epicentro dos combates na Guerra da Ucrânia, devido a falta de recursos.
— Eles prometeram nos dar tudo o que precisamos para continuar as operações. Também prometeram que farão o que for necessário para impedir que o inimigo nos corte (de suprimentos) — disse Prigojin.
Sem conseguir conquistar Bakhmut na batalha mais longa e sanguenta no leste da Ucrânia, Prigojin fez duras críticas nos últimos dias aos líderes do Exército e ao governo russo, ameaçando retirar suas tropas da região. Na sexta, ele gravou um vídeo cercado de cadáveres estendidos em um gramado para alertar sobre as baixas sofridas pelo grupo definidas por ele como "sem sentido" e "injustificadas".
— Choigu! Gerasimov! Onde está a merda da munição? — grita no vídeo, referindo-se ao ministro da Defesa, Serguei Choigu, e ao chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov.
Experiência
A pressão sobre o Kremlin aumentou, na véspera, quando o líder mercenário reiterou a próxima quarta-feira como data-limite para o envio de recursos. Se a demanda não fosse atendida, disse, as tropas seriam retiradas.
— Porque, sem munições, as unidades Wagner enfrentam uma morte absurda — afirmou, sugerindo que a posição fosse ocupada por soldados tchetchenos que lutam ao lado de Moscou.
As ameaças surtiram efeito. Segundo Prigojin, o Ministério da Defesa russo designou o general Serguei Surovikin para trabalhar de forma conjunta com o Grupo Wagner na região de Bakhmut. Experiente, o militar é conhecido pela brutalidade. A ONG Human Rights Watch informou em 2020 que ele estava entre as pessoas que poderiam ser responsabilizadas por violações aos direitos humanos no conflito da Síria.
— Este é o único homem com estrela de general do Exército (russo) que sabe lutar. Da noite para o dia, recebemos uma ordem de combate pela primeira vez em todo esse tempo — sublinhou Prigojin, em mais uma crítica aos líderes militares de seu país.
Mísseis
O chefe do grupo Wagner acusa há meses o governo russo de não fornecer munição suficiente a seus soldados devido a rusgas pessoais. Ele também responsabiliza o comando do Exército pelas "dezenas de milhares" de russos mortos e feridos no país invadido, ao mesmo tempo em que cresce a expectativa por uma contraofensiva ucraniana no conflito que se prolonga por mais de 14 meses.
Forças ucranianas foram encurraladas em Bakhmut nas últimas semanas, mas ainda resistem e têm provocado baixas significativas nas tropas inimigas. Ao mesmo tempo, movimentos de diferentes atores corroboram a hipótese de falta de munição do lado russo — problema que também afeta a Ucrânia em uma proporção diferente, segundo especialistas.
Na terça-feira, Choigu pediu à estatal Tactical Missiles Corporation que dobre sua produção de mísseis.
— As ações das unidades russas que conduzem a operação especial dependem em grande parte do reabastecimento de estoques de armas, equipamentos militares e meios de destruição — resumiu o ministro.