Além de cooperação militar, parceria envolve áreas como tecnologia aeroespacial, agricultura, comércio e saúde, e foi anunciada durante visita do primeiro-ministro britânico ao país do leste europeu.
Por Redação, com DW – de Londres
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinaram nesta quinta-feira um acordo chamado “100 anos de parceria”, focado não apenas na cooperação militar entre os dois países, mas também em áreas como agricultura, saúde, tecnologia aeroespacial e comércio.

Starmer chegou a Kiev pela manhã para a sua primeira visita ao país do leste europeu desde que assumiu o posto de primeiro-ministro, em julho de 2024. Ele foi recebido pelo ex-chefe do Exército e atual embaixador ucraniano em Londres, Valeri Zaluzhn.
O “tratado de 100 anos” também busca fortalecer a segurança nos mares Báltico, Negro e Azov e, desta forma, impedir agressões russas nessas áreas.
– Juntos, assinamos um acordo histórico, o primeiro do gênero, uma nova parceria entre o Reino Unido e a Ucrânia que reflete o enorme afeto que existe entre nossas duas nações – declarou Starmer a jornalistas.
Após a assinatura do pacto, Zelensky afirmou que “hoje é um dia verdadeiramente histórico”, reforçando que o relacionamento entre Ucrânia e Reino Unido está “mais próximo do que nunca”.
O político trabalhista visitou a unidade de queimados de um dos centros hospitalares de Kiev, classificando as cenas que observou como “um lembrete claro do alto preço que a Ucrânia está pagando”, referindo-se à invasão russa.
– Devemos fornecer todo o apoio necessário. Nunca devemos desistir disso, e nós [o Reino Unido] temos liderado o caminho. É muito importante que nos certifiquemos de que a Ucrânia esteja na posição mais forte possível em 2025 – acrescentou.
Europeus marcam presença antes de posse de Trump
De acordo com Starmer, seu governo deverá fornecer um novo sistema de defesa aérea móvel à Ucrânia, “desenvolvido para atender às necessidades do país”.
Antes da viagem, ele havia dito que “a ambição do (presidente russo Vladimir) Putin de afastar a Ucrânia de seus parceiros mais próximos foi um fracasso estratégico monumental. Em vez disso, estamos mais próximos do que nunca, e essa parceria levará essa amizade a um nível ainda mais alto”.
Ainda que essa seja a primeira visita de Starmer à Ucrânia como primeiro-ministro, ele já havia visitado o país em 2023, quando era líder da oposição, e conversado com Zelensky em Londres duas vezes.
A viagem, que não foi anunciada, é a mais recente demonstração de apoio à Ucrânia por parte de líderes europeus antes do retorno de Donald Trump à Casa Branca. O presidente eleito assumirá o governo dos EUA na próxima segunda-feira.
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, também está visitando Kiev nesta quinta-feira. E o ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, esteve no país esta semana.
A volta de Trump ao poder nos EUA levantou preocupações de que a Ucrânia poderia ter de ceder grandes partes de seu território para a Rússia caso concordasse com uma trégua no conflito.
Ajuda constante
É esperado que o Reino Unido também anuncie mais 40 milhões de libras (47,5 milhões de euros ou US$ 49 milhões) para a recuperação econômica da Ucrânia pós-guerra.
Zelensky havia dito anteriormente que ele e Starmer discutiriam ainda a possibilidade de tropas ocidentais serem estacionadas na Ucrânia para monitorar um acordo de cessar-fogo, uma proposta originalmente apresentada pelo presidente francês Emmanuel Macron.
O Reino Unido é um dos maiores apoiadores financeiros da Ucrânia, tendo oferecido 12,8 bilhões de libras em ajuda militar e civil desde o início da invasão russa, há quase três anos. Mais de 50 mil soldados ucranianos foram treinados em solo britânico.
Ataque no centro de Kiev
Por volta do meio-dia desta quinta-feira, em meio à visita do primeiro-ministro britânico, uma explosão fez tremer o centro de Kiev. Um ataque russo ativou as defesas aéreas da cidade.
Em sua conta no Telegram, o prefeito da capital ucraniana, Vitali Klitschko, escreveu: “As forças de defesa aérea estão trabalhando no centro da capital. Por favor, dirijam-se para os abrigos!”
A Força Aérea ucraniana já havia advertido sobre ataques com drones lançados pela Rússia em direção à região de Kiev e à própria capital.
A Rússia costuma realizar ataques com drones kamikaze à noite ou nas primeiras horas da madrugada, mas também já lançou ofensivas com mísseis e drones contra Kiev e outras cidades ucranianas durante o dia.