O Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território palestino, afirma que 19,4 mil pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram na ofensiva de Israel.
Por Redação, com CartaCapital - de Jerusalém
Israel enfrenta nesta terça-feira uma pressão internacional cada vez mais intensa a favor de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, com uma votação prevista na ONU e gestões diplomáticas de potências ocidentais, apesar da promessa dos Estados Unidos de seguir fornecendo armas ao país aliado.
O Conselho de Segurança da ONU deve se pronunciar sobre um novo texto que pede o “cessar urgente e duradouro das hostilidades” no território palestino cercado, após diversos vetos dos Estados Unidos.
Além disso, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Cameron, se reunirá com os homólogos da França e Itália para pressionar por um “cessar-fogo sustentável” no conflito, informou seu gabinete.
A guerra em Gaza teve início com o violento ataque do Hamas em 7 de outubro, quando o movimento islamista assassinou 1.139 pessoas em Israel, a maioria civis, e sequestrou quase 250, segundo as autoridades do país.
O Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território palestino, afirma que 19.400 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram na ofensiva de Israel em resposta ao ataque.
A pasta anunciou que ao menos 20 pessoas morreram nesta terça-feira em um bombardeio israelense na cidade de Rafah, perto da fronteira de Gaza com o Egito.
Entre os mortos estão quatro menores de idade e um jornalista, segundo o ministério palestino.
EUA promete seguir fornecendo armas a Israel
Em uma visita a Israel na segunda-feira, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, prometeu que Washington continuará fornecendo armas ao aliado, que já recebeu bilhões de dólares em ajuda militar do governo americano.
– Continuaremos proporcionando a Israel o equipamento que necessita para defender seu país (…), incluídas munições críticas, veículos táticos e sistemas de defesa aérea – declarou Austin, que faz um giro diplomático por vários países do Oriente Médio.
O secretário de Defesa também anunciou criação de uma coalizão de 10 países para enfrentar os ataques dos rebeldes huthis do Iêmen no Mar Vermelho, lançados como represálias pela guerra em Gaza.
A coalizão inclui Estados Unidos, Reino Unido, Bahrein, Canadá, França, Itália, Países Baixos, Espanha, Noruega e Ilhas Seychelles, segundo Austin.
O grupo rebelde iemenita reivindicou ataques na segunda-feira no Mar Vermelho contra dois navios que seriam “vinculados a Israel”.
Hamas, “preparado para nova troca”
Ao mesmo tempo, prosseguem os esforços para alcançar uma nova trégua. Segundo a imprensa americana, o diretor da CIA, Bill Burns, reuniu-se em Varsóvia com autoridades de Israel e do Catar para negociar novas libertações de reféns.
“O Hamas está preparado para uma troca de prisioneiros, mas depois de um cessar-fogo”, afirmou uma fonte do movimento islamista nesta terça-feira.
Em novembro, uma pausa humanitária de sete dias permitiu a libertação de 105 reféns em Gaza em troca da saída de 240 palestinos que estavam detidos em prisões de Israel.
Fome
A preocupação internacional aumenta com a situação dos 2,4 milhões moradores de Gaza que enfrentam bombardeios diários, escassez de água e alimentos, além de deslocamentos em larga escala.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, criticou na segunda-feira a “terrível falta de distinção da operação militar de Israel em Gaza”. “Isto tem que parar. Uma pausa humanitária é necessária com urgência”, acrescentou.
A ONG Human Rights Watch (HRW) afirmou que Israel “utiliza a inanição de civis como método de guerra” e acusou o país de impedir o fornecimento de água, alimentos e combustível, além de aparentemente destruir zonas agrícolas.
Um porta-voz da diplomacia israelense respondeu que a organização “não tem base moral para falar do que acontece em Gaza porque ignorou o sofrimento e os direitos humanos dos israelenses”.
Um relatório do diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, citado pela imprensa do país, indica que quase metade das munições lançadas por Israel não são teleguiadas, com baixa precisão.
Em resposta, a Força Aérea israelense declarou na segunda-feira que “todas as bombas utilizadas são bombas de alta precisão”.
O Exército de Israel anunciou que dois soldados morreram nesta terça-feira, o que eleva para 131 o número de militares que faleceram desde o início da operação terrestre em Gaza, no fim de outubro.
Protestos em Tel Aviv
Israel aprovou a entrada de ajuda em Gaza pela passagem de fronteira de Kerem Shalom, além de Rafah, e um correspondente da AFP observou a entrada de caminhões.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, elogiou a abertura da fronteira para a passagem de ajuda e de caminhões com produtos comerciais.
Várias famílias estão reunidas no posto de Rafah com a esperança de seguir para um local seguro.
– Estamos aqui há quase um mês – declarou Safa Fathi Hamad. “Vamos morrer, a comida é escassa e não temos proteção”.
Muitos israelenses protestaram na segunda-feira em Tel Aviv para exigir ações que resultem na rápida libertação dos 129 reféns que ainda estão sob poder do Hamas em Gaza.
A irritação e o medo dos parentes das vítimas aumentaram depois que soldados israelenses admitiram que mataram três reféns por engano.
A guerra em Gaza também aumentou a violência na Cisjordânia ocupada, onde as forças israelenses mataram quatro palestinos na segunda-feira em um campo de refugiados, segundo o Ministério palestino da Saúde.
Mais de 300 palestinos morreram atingidos por tiros de tropas israelenses e ataques de colonos na Cisjordânia desde 7 de outubro, segundo fontes palestinas.