Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Geleiras na Suíça encolhem um quarto em uma década, diz pesquisa

Estudo revela que geleiras na Suíça perderam 25% de volume na última década, destacando o impacto das mudanças climáticas nos Alpes.

Quarta, 01 de Outubro de 2025 às 14:36, por: CdB

Os Alpes e suas geleiras são considerados cartões-postais do país, mas os cientistas vêm observando mudanças significativas na paisagem.

Por Redação, com RFI – de Genebra

As geleiras da Suíça, particularmente sensíveis às mudanças climáticas, perderam cerca de 25% de seu volume na última década. É o que aponta um estudo publicado nesta quarta-feira, que chama atenção para a velocidade do degelo.

Geleiras na Suíça encolhem um quarto em uma década, diz pesquisa | De acordo com os cientistas, as geleiras podem desaparecer na França até 2100
De acordo com os cientistas, as geleiras podem desaparecer na França até 2100

Os Alpes e suas geleiras são considerados cartões-postais do país, mas os cientistas vêm observando mudanças significativas na paisagem.

Em 2025, a rede suíça de monitoramento de geleiras (Glamos) voltou a registrar um “derretimento considerável”, semelhante ao observado em 2022. O inverno com pouca neve e as ondas de calor em junho e agosto provocaram uma perda de 3% no volume das geleiras, segundo medições realizadas em cerca de 20 formações representativas das 1,4 mil existentes no país.

Este foi o quarto maior recuo desde o início das medições, atrás apenas dos anos de 2022, 2023 e 2003.

– Há cerca de 20 anos, todas as geleiras suíças vêm perdendo gelo, e o ritmo está acelerando – afirmou Matthias Huss, diretor da Glamos, à agência francesa de notícias Agence France-Presse (AFP).

Diante da Geleira do Ródano, uma das mais emblemáticas da Suíça, Huss relatou o impacto da visita recente: “Onde estamos, a geleira perdeu 100 metros de espessura, ou até mais, nos últimos 20 anos. É impressionante!”

Impacto na produção de energia

As geleiras suíças desempenham um papel importante na geração de energia hidrelétrica e no abastecimento de água potável. Entre 2015 e 2025, perderam 24% de seu volume — um aumento em relação aos 17% registrados entre 2010 e 2020, aos 14% entre 2000 e 2010, e aos 10% entre 1990 e 2000, segundo o relatório.

Em frente à Geleira do Ródano, perto da cidade de Gletsch, dois turistas argentinos lamentaram a situação:

– Não sabíamos que havia uma geleira aqui. Vimos a cachoeira lá embaixo e viemos a pé para vê-la. É impressionante. É realmente triste que esteja derretendo tão rápido – disse Wincho Ponte, de 29 anos, à AFP.

A Suíça é particularmente afetada pelo aquecimento global, que ocorre de forma “duas vezes mais intensa que a média mundial”, segundo o Escritório Federal Suíço de Meteorologia e Climatologia.

Países alpinos sob ameaça

Na Suíça, onde quase 50 picos ultrapassam os 4 mil metros de altitude, espera-se que as geleiras tenham uma vida útil mais longa do que na Áustria, por exemplo, cujas montanhas não passam de 3,8 mil metros, compara Michael Zemp, diretor do Serviço Mundial de Monitoramento de Geleiras (WGMS).

No entanto, se as emissões globais de CO₂ permanecerem nos níveis atuais, quase todas as geleiras suíças — que representam mais da metade do volume restante das geleiras alpinas — terão desaparecido até o fim do século, alerta Matthias Huss.

Desde o início da década de 1970, mais de 1,1 mil geleiras suíças já desapareceram, segundo a Glamos.

Na França, cientistas estimam que não haverá mais — ou quase nenhuma — geleira até 2100.

Consequências

O recuo gradual das geleiras alpinas está reduzindo as reservas de água doce na Europa e “desestabilizando as montanhas”, o que pode provocar eventos como o colapso de penhascos e massas de gelo.

Até o fim de 2025, o volume de gelo nas geleiras suíças deve atingir 45,1 km³ — 30 km³ a menos do que em 2000. A área de superfície está estimada em 755 km², uma redução de 30% em relação ao mesmo período.

Este ano, o segundo junho mais quente já registrado na Suíça acelerou o derretimento da neve, mesmo nas maiores altitudes. Ainda assim, o derretimento no verão foi apenas 15% superior à média de 2010-2020 — o menor valor dos últimos quatro anos.

Segundo a Glamos, as temperaturas mais baixas em julho, que trouxeram neve fresca acima de 2,5 mil metros, “ajudaram a evitar o pior” neste ano.

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