Rio de Janeiro, 22 de Novembro de 2024

Gaza e o fantasma da Segunda Guerra Mundial

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Quinta, 19 de Outubro de 2023 às 09:49, por: CdB

Uma análise crítica sobre o conflito em Gaza e suas conexões históricas com eventos passados. O número de mortos ainda em crescimento, são a prova contundente de que a política colonialista de Israel, iniciada depois da Guerra de Seis Dias, em 1967, está posta à prova.


Por Wellington Duarte– de Brasília


Os acontecimentos em Gaza parecem mostrar que a Segunda Guerra Mundial não terminou efetivamente. Vivem os fantasmas desse período. Esses fantasmas estão espalhados pelo mundo, mas Gaza estapeou a humanidade.




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Destruição na Faixa de Gaza

Não é o genocídio em si, já que a humanidade recentemente já vivenciou atos genocidas, sendo que talvez o que mais expresse esse horror foi o massacre de Ruanda, ocorrido entre 7 de abril e 15 de julho de 1994. Se estamos assombrados com os números de mortes que crescem dia após dia, os de Ruanda são apocalípticos. Segundo dados documentados, entre 500 mil e 1 milhão de pessoas, trucidadas, esquartejadas, fulminadas. Lembram disso?


Vinte e nove anos depois, depois tantos massacres, um novo está em andamento. Agora as pessoas mais sensatas e esclarecidas, buscam informações sobre esse tal “Oriente Médio”, sobre “palestinos”, sobre “Faixa de Gaza”. Ali, ao ladinho, no pequeno Líbano, um país literalmente falido, as memórias de massacres vivem assombrando as pessoas. Além das diversas guerras civis, principalmente a partir da década de 70, muitos ainda tem pesadelos com os dias 16, 17 e 18 de setembro de 1982, 41 anos atrás, antes inclusive do massacre de Ruanda.


Naqueles três dias os palestinos dos campos de refugiados de Sabra e Chatila foram sumariamente assassinados, num dos episódios mais dantescos até aquele momento. E quem cometeu esse morticínio? Milicianos das falanges libanesas, cristãos maronitas, armados até os dentes pelas forças israelenses, que tinham invadido, de novo, o Líbano em 14 de setembro. Judeus e cristãos maronitas se uniram para exterminar os palestinos. Isso é fato e tem vasta documentação a respeito. Israel cercou os campos e deixou os falangistas promoverem o banho de sangue, que deixou pelo menos 3,5 mil mortos, homens, mulheres e crianças. Lembram disso?


Agora, o que se vê é mais uma ação de extermínio. Não me convence a conversa fiada de que a Israel, um dos exércitos mais poderoso do mundo e sua polícia secreta, o sombrio Mossad, não pudesse neutralizar o Hamas. Se houve um colapso na segurança, o que parece ter sido isso, o Estado de Israel teria que se penitenciar com suas vítimas, mas preferiu aplicar sua política genocida.



Traços de racismo


Os traços de racismo, expressos pelos próprios agentes do governo sionista, se somaram ao julgamento sumário dos 2,4 milhões de pessoas que se acotovelam em Gaza, e sob cerco total, do próprio Israel há quase duas décadas. O número de mortos ainda em crescimento, são a prova contundente de que a política colonialista de Israel, iniciada depois da Guerra de Seis Dias, em 1967, está posta à prova. E não vou falar da política dos EUA, totalmente desmoralizada, principalmente depois do Iraque, Síria e Afeganistão.


A criação do Estado de Israel, fomentado durante décadas na Palestina, com maior ou menor intensidade, foi impulsionado pela tragédia nazista e aceitação de um território para alocar judeus foi bem aceita internacionalmente, mas a forma como isso foi feita, revoltou os árabes e teve a guerra de 1948-49 e a expulsão de 400 mil árabes palestinos de suas casas. E para onde eles foram? Para Gaza, então território egípcio. Será que o Apocalipse palestino tem data de início?


A forma como o Estado de Israel, que é oficialmente um estado religioso desde 2018, conduz sua “relação” com os palestinos, tem uma sinistra semelhança com a forma de como os nazistas agiram no gueto de Varsóvia, entre 19 de abril e 16 de maio de 1943, destruindo tudo e mandando os sobreviventes para a morte.


O que é Gaza hoje?


Responda você.


Wellington Duarte, é professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Rio Gande do Norte - UFRN, doutor em Ciência Política e presidente do Sindicato dos Professores da UFRN (ADURN-sindicato).


As opiniões aqui expostas não representam necessariamente a opinião do Correio do Brasil




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