O líder da Igreja Católica também disse que é preciso ter cuidado, porque "os migrantes devem ser recebidos, acompanhados, promovidos e integrados", e, "se não houver este caminho para a integração, há perigo".
Por Redação, com ANSA - da Cidade do Vaticano
O papa Francisco voltou a falar nesta segunda-feira sobre a taxa de natalidade em declínio na Itália e expressou preocupação com o chamado "inverno demográfico".
A declaração foi dada pelo Pontífice a prefeitos italianos durante uma audiência no Vaticano.
– Estou preocupado com o problema da baixa natalidade aqui na Itália, eles não têm filhos, e os cães estão no lugar das crianças – disse ele.
Francisco pediu a todos para refletirem sobre "a responsabilidade que os italianos têm de ter filhos para criar e também de receber os migrantes como filhos".
Ele reforçou que a gestão dos fluxos migratórios não é uma tarefa fácil, "porque confia ao seu cuidado pessoas feridas e vulneráveis, muitas vezes perdidas e recuperando de traumas terríveis, e alertou que os imigrantes "precisam ser retirados dos tentáculos das organizações criminosas, capazes de especular sem piedade sobre seus infortúnios".
– Tomamos conhecimento dos campos de concentração em alguns países do Norte de África, onde aqueles que querem vir para a Europa são tratados como escravos, torturados e até mortos. Vocês têm a árdua tarefa de organizar um acolhimento ordenado para eles na região, baseado na integração e na inserção construtiva, acrescentou.
Igreja Católica
O líder da Igreja Católica também disse que é preciso ter cuidado, porque "os migrantes devem ser recebidos, acompanhados, promovidos e integrados", e, "se não houver este caminho para a integração, há perigo".
No mês passado, o religioso já havia afirmado que o despovoamento na Itália é um problema e chegou a fazer um alerta contra a cultura veterinária, na qual as pessoas preferem ter animais de estimação, como gatos e cachorros, em vez de filhos.
Tanto o papa quanto a premiê da Itália, Giorgia Meloni, têm defendido a adoção de políticas de incentivo à natalidade, em meio a uma tendência de esvaziamento que arrisca fazer o país perder 20% de sua população nos próximos 50 anos.
A Itália vem batendo seguidos recordes negativos de natalidade e registrou apenas 393 mil nascimentos em 2022, pela primeira vez abaixo dos 400 mil em um ano.
Além disso, uma projeção recente do Instituto Nacional de Estatística (Istat) apontou que a Itália pode perder 11,5 milhões de habitantes até 2070, o que significaria uma redução populacional de cerca de 20% em meio século.
Calamidades
Durante o encontro com os prefeitos, o argentino também falou sobre algumas calamidades que atingiram o território italiano e elogiou a capacidade do povo de se unir nestes momentos difíceis.
– Os problemas hidrogeológicos são hoje, infelizmente, emergências frequentes e envolvem todos; ligados a fenômenos atmosféricos que deveriam ser inusitados e extraordinários, tornaram-se habituais devido às alterações climáticas – explicou.
Francisco citou algumas recentes catástrofes, como as enchentes na região da Emilia-Romagna, na Toscana e na Sicília, lembrando que, nessas circunstâncias, todos tiveram a oportunidade de admirar "as melhores qualidades do povo italiano", que especialmente em tempos de dificuldade "sabe como se unir de forma exemplar".
– É importante e urgente, no presente e no futuro, unir esforços para proteger, no tempo e com previdência, a nossa casa comum – alertou.