Idealizado e coordenado pela produtora cultural e ativista Jadion Helena, o festival é produzido de maneira independente e busca exaltar a música preta e popular de Pernambuco.
Por Redação, com Brasil de Fato – de Brasília
Nesta quarta-feira, data em que pela primeira o Dia da Consciência Negra é celebrado como feriado nacional, o Pátio de São Pedro, no Recife (PE), recebe extensa programação cultural composta exclusivamente por artistas negros. A “AfroFest” tem início às 15h e deve passar das 22h, com música, poesia, grafitagem e uma feira de artesanato e comidas de pequenos negócios liderados por mulheres negras.
Às 15h, o palco foi aberto pelo DJ Vibra, seguido pelo Balé Afro Majê Molê (16h). Na sequência, teve o bloco de samba A Turma do Saberé (17h), a intervenção poética de Odailta Alves, o Coco de Mulheres (18h), o Coco Raízes de Arcoverde (19h), Isaar França e Afonjah no espetáculo Luz África (20h), a banda Carranza (20h40), e a noite foi encerrada com Afroito (21h30). Ao longo da tarde e da noite, estará acontecendo no local a “Feira das Mulheres Pretas” e a pintura ao vivo de grafite liderada pelo “Coletivo Pão e Tinta”.
Idealizado e coordenado pela produtora cultural e ativista Jadion Helena, o festival é produzido de maneira independente e busca exaltar a música preta e popular de Pernambuco. “O nosso Estado merecia um festival em que a cultura negra seja protagonista, juntando o samba, o hip hop, o coco, afoxé, frevo e maracatu”, diz a idealizadora, que quer “valorizar, visibilizar e potencializar a cultura preta”. “É a celebração da nossa ancestralidade”, completa Jadion Helena. O AfroFest teve a sua primeira edição no dia 20 de novembro de 2023.
O Pátio de São Pedro é palco, há 25 anos, da Terça Negra, evento cultural organizado pelo Movimento Negro Unificado (MNU). O local é um ponto de encontro de artistas e manifestações culturais negras do Recife e de Pernambuco. O festival é produzido com recursos públicos municipais e estaduais, respectivamente da Secretaria de Cultura do Recife (prefeitura) e da Fundarpe (Governo do Estado).
20 de Novembro e a memória do líder
A data é estimada como o dia em que foi assassinado Zumbi dos Palmares, líder político e militar do Quilombo dos Palmares, maior comunidade de resistência à escravidão da história do Brasil, no fim dos anos 1600.
O quilombo ficava na Serra da Barriga, que era parte do território de Pernambuco, mas hoje pertence a Alagoas. A comunidade chegou a abrigar 20 mil pessoas, entre negros e negras fugidos, libertos, indígenas e brancos pobres.
A terra e a produção eram coletivizadas, sendo a agricultura a principal atividade do local. Pesquisas apontam a existência de olarias, oficinas de metalurgia, criação de pequenos animais e artesanato. A prosperidade do quilombo era considerada uma ameaça para os fazendeiros escravocratas. Eles passaram a financiar expedições para atacar o Quilombo dos Palmares.
Em 1694, a expedição comandada por Domingos Jorge Velho consegue a destruição do principal mocambo que integrava o Quilombo dos Palmares. Ferido de batalha, Zumbi consegue fugir e sobrevive, o que alimentou lendas em torno de seu nome.
Mas no ano seguinte, Zumbi foi traído e entregue aos inimigos. Decapitado, teve sua cabeça exposta no Pátio da Igreja do Carmo, área central do Recife, onde hoje há uma estátua em sua homenagem.
Apesar de haver entrado no calendário de celebrações escolares no primeiro ano do governo Lula, em 2003, só se tornou uma data nacional, por lei, em 2011. Em dezembro de 2023, de volta à Presidência, Lula transformou a data, que já era feriado estadual ou municipal em alguns locais, em feriado nacional.