Em maio, o Bundestag decidiu remover regalias a que Gerhard Schröder tinha direito como ex-chefe de governo alemão, depois de ele se recusar a cortar laços com estatais russas. Social-democrata é amigo pessoal de Putin.
Por Redação, com DW - de Berlim
O ex-chanceler federal alemão Gerhard Schröder está processando o Bundestag (Parlamento da Alemanha) pela perda de privilégios concedidos a ex-chefes de governo, o que ocorreu devido a seus laços estreitos com o governo da Rússia. A informação foi divulgada nesta sexta-feira pela agência de notícias DPA. Schröder entrou com uma ação judicial no Tribunal Administrativo de Berlim para exigir a reabertura de seu escritório parlamentar, segundo informou o advogado dele, Michael Nagel. Na Alemanha, é comum que ex-líderes de governo tenham um gabinete e contem com funcionários assalariados financiados pelo Estado, a fim de continuarem seu trabalho político após deixarem o cargo. Somente com Schröder, em 2021, esses direitos e privilégios geraram despesas de cerca de 407 mil euros. Em maio, o Bundestag votou pelo fechamento do escritório de Schröder e o realocamento de seus funcionários. O motivo foi a recusa do ex-chanceler em cortar relações com empresas estatais russas, como a petrolífera Rosneft e a gigante do setor de gás Gazprom, e também por não condenar publicamente as ações do presidente Vladimir Putin após a invasão russa da Ucrânia, em fevereiro. Um dia depois da votação, que ocorreu em 19 de maio, Schröder disse que deixaria o cargo no conselho de administração da Rosneft. No dia 24 do mesmo mês, ele afirmou que não assumiria o assento ao qual havia sido indicado para o conselho de administração da Gazprom. O governo alemão, formado pela coalizão entre o Partido Social-Democrata (SPD), Partido Liberal Democrático (FDP) e Partido Verde, votou pela exclusão das regalias a Schröder. A resolução dos partidos alegou que os "recursos para ex-chanceleres federais, no futuro, não deveriam mais ser relacionados com o status, mas sim baseados na continuidade das obrigações decorrentes do cargo". A decisão desencadeou um debate sobre o tema na Alemanha. Críticos argumentam que outros políticos, como a ex-chanceler federal Angela Merkel, continuam recebendo benefícios e contam com um número ainda maior de funcionários, mesmo que Merkel não trabalhe mais ativamente para o país.